ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | O som e o silêncio como recursos narrativos no documentário Sopro |
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Autor | Raphaela Benetello |
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Resumo Expandido | O trabalho pretende apresentar uma análise do longa-metragem Sopro (2013, 35mm) de Marcos Pimentel e como o som e o silêncio presentes constituem elementos relevantes na construção narrativa.
Em uma breve análise da obra de Marcos Pimentel é possível perceber uma diminuição da palavra falada através dos filmes. Em um de seus primeiros documentários “Sobreviventes” (Mini-DV, 2002), a palavra ainda é utilizada, com fala dos personagens, mesmo que já de modo pouco convencional aos documentários clássicos e com a utilização de crianças como personagens do filme. Ao longo dos anos a palavra foi perdendo espaço nos filmes do autor dando lugar ao ruído e ao silêncio. Aos poucos a entrevista não foi mais utilizada e os ruídos tomaram lugar de protagonista na banda sonora do filme. Na trilogia urbana “Pólis” (35 mm, 2009), “Taba” (35 mm, 2010) e “Urbe” (35 mm, 2009), a palavra já assume papel coadjuvante diante dos ruídos da cidade, recheando a obra com significados e interpretações múltiplas. O documentário Sopro é a obra mais recente do autor e seu primeiro longa-metragem. Ambientado em uma vila rural no interior do Brasil, o filme apresenta uma construção baseada no som ambiente, na natureza, quase não há a presença de verbo, os sons se mostram incidentais e os ruídos predominam. A voz, quando presente, vem através de ruído ou canção. Sopro mostra a natureza em seus elementos fundamentais, fogo, água, terra e finalmente ar, vento. Vento que seca roupas, movimenta a poeira, alimenta o fogo, espalha odores, atrai animais e ‘sopra’, renovando o ciclo da vida. Amparado por um discurso descritivo, o filme disserta sobre a vida da comunidade, a fé e a religiosidade, a calmaria dos adultos e a inquietude das crianças. A voz, quando escutada, não é dirigida ao filme. Ou se dá através de aparelhos, como o rádio, ou em brincadeiras ou diálogos cotidianos. Em diversos momentos há personagens em situação de escuta, construindo assim uma paisagem sonora que se distancia da de outros materiais audiovisuais na medida em que não se constitui apenas na presença verbal, mas também nos ruídos. A partir disso, o trabalho pretende entender de que forma o som e sua ausência adquirem caráter um narrativo na construção fílmica e como os ruídos podem resignificar a imagem. |
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Bibliografia | CHION, Michel. A Audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2011.
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