ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | O “corpo puro” no cinema de Andy Warhol |
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Autor | Calac Nogueira Salgado Neves |
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Resumo Expandido | Os filmes de Andy Warhol têm como uma de suas principais marcas a pregnância do corpo. Radicalmente anti-narrativos e realizados de forma um tanto amadora, esses filmes parecem movidos meramente por um impulso obsessivo de contemplar a figura humana, aqui reduzida a seus atributos físicos: o corpo e sua pele, expostos à câmera em estado de nudez. Nesta comunicação, atentaremos para os procedimentos que estão na raiz desta pregnância corpórea do cinema de Warhol. Primeiro, notaremos algumas estratégias utilizadas pelo dispositivo warholiano a fim de destacar a presença do corpo: a centralidade, a nudez, o uso da iluminação. Num segundo momento, iremos qualificar este corpo filmado por Warhol: um corpo que gostaríamos de chamar de “puro”, de um corpo literal. Aqui, seguimos Steven Shaviro (2015), que afirma que todos os filmes de Warhol “são marcados pelo literalismo com o qual esvaziam todos os outros significados e conteúdos para, então, capturar, gravar e mostrar a presença pura, estúpida, inerte dos corpos.” Assim, iremos analisar, na prática, de que forma Warhol chega até este “corpo puro”. Nossa hipótese é de ele seria resultado de um processo de esvaziamento sustentado por um duplo procedimento: o isolamento dos corpos filmados e sua posterior exposição ao tempo. O interesse desta abordagem, acreditamos, está em sua abertura para compreender o componente erótico do cinema de Warhol, presente em toda a sua obra, desde filmes silenciosos como Sleep (1963), Kiss (1963) e Couch (1964), até as produções tardias realizadas em parceria com Paul Morrissey, como I, a Man (1967). |
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Bibliografia | APRÀ, Adriano. “Introduzione al metodo Andy Warhol”. Originalmente publicado em Aprà, Adriano, Ungari, Enzo. Il cinema di Andy Warhol (Arcana, Roma 1971) e republicado em http://www.adrianoapra.it/?p=1528 (acesso em 01/05/2016). |