ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Videoinstalação: corpo, imagem e significação em deslocamento |
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Autor | Greice Cohn |
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Resumo Expandido | Esse texto propõe uma reflexão sobre os modos espectatoriais implicados nas videoinstalações, obras temporais nas quais o cinema converge com as artes plásticas, podendo recorrer a recursos da performance, da literatura, da música, da poesia, da fotografia e de novas mídias, como as imagens digitais e as redes. Na pesquisa de doutorado “Pedagogias da videoarte: a experiência do encontro de estudantes do Colégio Pedro II com obras contemporâneas” – na qual foram analisadas obras de artistas, sua recepção pelos estudantes e a produção plástica desses após esse encontro – investigamos as provocações que a espacialização das imagens faz ao espectador, a partir da convocação de seu corpo e de sua participação ativa na montagem e significação das obras. Esse texto reflete sobre a videoinstalação Funk Staden (2007), de Dias & Riedweg , sob o ponto de vista dos desfronteiramentos entre o cinema e outras formas expressivas da arte e de como essas convergências agem no espaço social. Filha do casamento da instalação com a videoarte, a videoinstalação propõe algumas mudanças na postura do espectador, que passa a transitar entre as formas de apreciação da obra visual e do espetáculo. Como Janus (1985) muito bem coloca, o museu é, tradicionalmente, o lugar do imóvel e para vê-lo é preciso se mover; já o teatro, a televisão e o cinema são lugares do móvel, onde os espectadores ficam parados para ver e ouvir. As instalações de vídeo propõem ao espectador as duas atitudes, simultaneamente. Ao mesmo tempo em que elas mostram imagens em movimento, exigindo tempo de observação, também colocam o espectador em movimento, ao ocuparem o espaço tridimensionalmente e convidá-lo a ser ativo no direcionamento do olhar e na relação que estabelece com o ambiente onde se situa a obra (que pode contar com várias projeções, suportes para as imagens e objetos). Uma ação física já estaria aí sugerida a partir da própria configuração da obra e de sua inscrição no espaço, mas não é só na atitude corporal que esse tipo de obra possibilita uma postura ativa e participante: a videoinstalação atua no universo perceptivo do seu espectador, nele encorajando sua condição de criador e construtor de conceitos. Se o cinema é encadeamento de imagens, onde uma imagem sucede e substitui a outra, a videoinstalação, “com a simultaneidade das imagens nos espaços de projeção, promove permanência, subverte a substituição fílmica, de certa forma, recupera a imanência da pintura e, ao mesmo tempo, a tridimensionalidade da escultura” . Os dispositivos instalativos, ativando os espaços, o tempo, o corpo e a percepção, se mostram como máquinas conceituais que “convocam o corpo em suas encenações para experimentar tanto o processo de representação quanto modalidades diversas de ver/perceber. Elas criam condições de experiências particulares em que todo o corpo é mobilizado na atividade de percepção” (DUGUET, 2009, p. 57), atuando como um verbo transitivo, que não possui por si só uma ideia completa, mas prescinde de algo – o espectador – para conferir-lhe sentido. Analisaremos aqui os deslocamentos – das imagens, dos espectadores e dos significados – provocados por Funk Staden, obra transitiva na qual os corpos e as imagens são implicados politicamente, ativando a construção de sentidos e, inclusive, a criação de novas formas. |
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Bibliografia | COHN, Greice. Pedagogias da videoarte: a experiência do encontro de estudantes do |