ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | FESTIVAL DO RIO E O IMAGINÁRIO DA CIDADE |
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Autor | Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) |
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Resumo Expandido | Nas últimas décadas, os festivais audiovisuais além de apresentarem um enorme crescimento no número de eventos, passam a ter uma forte importância na contemporaneidade devido à repercussão que estes exercem no imaginário das sociedades. Este fenômeno, de caráter internacional, atribui aos festivais além da função artística, uma função voltada ao marketing urbano. Para buscar entender este processo, centraremos a nossa análise no Festival do Rio, evento de grande repercussão na cidade do Rio de Janeiro, criado em 1999, a partir da fusão de dois eventos cinematográficos – o Rio Cine Festival e a Mostra Banco Nacional de Cinema. A junção destes dois festivais, atrelado ao forte patrocínio, fez com que o Festival do Rio, desde a sua primeira edição, se consolidasse como um evento de grande porte e com forte repercussão no país. Partindo do princípio de que os festivais são experiências de cidade, no caso do Festival do Rio, podemos afirmar que a cidade se faz presente como um personagem a ser investigado. Mais que isso: é a própria cidade, que ao lado da arte cinematográfica, se torna uma mercadoria. Para que este produto tenha eficácia de venda, é necessário a construção de uma imagem da cidade ideal, cosmopolita, global, moderna e tecnológica (ARANTES, 2012; SANCHEZ, 2010) Partimos da premissa de que os festivais são fenômenos de comunicação e constituem importantes espaços de sociabilidade e de trocas simbólicas. A experiência de assistir a um filme coletivamente, potencializam os festivais como possível ligação com o mundo imaginário. Através desta experiência estética existe uma produção de sentido sobre a própria realidade. Na nossa comunicação buscaremos analisar a representação da cidade do Rio de Janeiro através dos filmes e do discurso oficial do Festival do Rio. A visão de cidade que é produzida no discurso oficial do Festival se pauta na construção/manutenção de um imaginário que produz uma narrativa da cidade baseada no clichê da “cidade maravilhosa”, estetizada pela paisagem que apresenta um “simulacro” do real e reforça a imagem da cidade como espetáculo. Porém, se no discurso oficial do Festival do Rio (manifestado através do material gráfico, dos textos dos catálogos, das vinhetas e slogans) observamos uma pactuação com a cidade num jogo de poder que remete às representações hegemônicas da cidade, não podemos afirmar o mesmo em relação aos filmes exibidos na Première Brasil, sessão principal do Festival voltada para a produção nacional recente, com a maior visibilidade midiática. Acreditamos que existe uma confrontação na representação do Rio de Janeiro entre os discursos fílmicos e os discursos oficiais do Festival. Violência, desigualdades sociais, conflitos urbanos, uma outra geografia da cidade, representações das favelas, são alguns dos exemplos que podemos observar nos filmes que são exibidos no Festival, como por exemplo, as produções exibidas nas duas últimas edições de 2014 e 2015, que serão objeto de nossa análise. Alguns exemplos: CARIOCA ERA UM RIO, de Simplício Neto (2014), CASA GRANDE, de Fellipe Garamano Barbosa (2014), CRÔNICA DA DEMOLIÇÃO, de Eduardo Ades (2015), CAMPO GRANDE, de Sandra Kogut (2015) e MATE-ME POR FAVOR, de Anita Rocha da Silveira (2015). A nossa hipótese é de que há uma provável diferença entre a representação do Rio de Janeiro nos discursos fílmicos e no discurso oficial. Acreditamos que existe uma intencionalidade do discurso oficial do Festival que se mostra condizente com o discurso de cidade promovido pela Prefeitura, principal patrocinadora do evento. À nosso ver, esta discrepância nos discursos se dá pela necessidade de pactuação e articulação entre o Festival do Rio e os financiadores do evento. Por outro lado, no regime estético acreditamos que haja uma maior “liberdade” no discurso das obras exibidas. |
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Bibliografia | AMANCIO, Tunico. O Brasil dos gringos: imagens no cinema. Niterói: Intertexto, 2000. |