ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Mad Max: Masculinidades em crise e nuances homoeróticas em Wasteland |
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Autor | Andressa Gordya Lopes dos Santos |
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Resumo Expandido | Este artigo é uma extensão de minha monografia feita como trabalho de conclusão da graduação em Cinema e Vídeo da UNESPAR/FAP, intitulada “A desconstrução das relações de gênero, as relações de poder e a potência da maternidade no universo Mad Max” que esteve focada, porém, nas questões que envolviam a representação do feminino no último filme da saga, Estrada da Fúria (2015). Contudo, devido ao contexto social atual em que as constantes discussões acerca das representações de gênero e sexualidades marginalizadas não permitem mais o domínio das representações de um gênero em detrimento de outro, a representação da masculinidade viril começa a ser questionada. Tal abertura de caminhos resultou em um incrível aumento de interesse por questões de etnia, masculinidade e sexualidades híbridas no cinema. Sendo Mad Max um expoente do puro gênero de estrada, a masculinidade motorizada está localizada dentro das fantasias de violência, liberdade e libertação. Fantasias estas que são realizadas em oposição ao conceito de família, direito e controle, ou seja, longe da histórica colagem linear entre homens e espaço público, mulheres e espaço privado (ABOIM, 2012). A análise funciona como um diagnóstico de escopofilia, psicopatia e as várias manias homicidas que se fundem dentro desse conceito de masculinidade. Lançado primariamente em 1979, a saga Mad Max muito sutilmente apresentou nuances nas representações de gênero de seus personagens, seja pela queda da família tradicional no primeiro filme, pelas relações homoeróticas implícitas e sua proximidade com o sadomasoquismo em A Caçada Continua (1981) ou pela quase ridícula representação da masculinidade alienada em Estrada da Fúria (2015). É interessante citar que a existência de filmes como estes, que compõem a obra de George Miller no contexto industrial ao qual estão inseridos e suas subversões de gênero, trazem questionamentos muito pertinentes devido ao enorme acesso que um filme distribuído para as massas possui. Portanto, é necessário discorrer, a priori, sobre as questões mercadológicas que envolvem o cinema de gênero, no qual Mad Max se enquadra, uma vez que isso influi diretamente no tipo de discurso que é reproduzido no filme. Em uma análise mais estrutural do comportamento masculino e de sua reprodução da tela de cinema, podemos encontrar rachaduras nessa masculinidade afirmada que se impõe ao homem. Sergio Gomes da Silva, em seu artigo ‘Masculinidade na história: a construção cultural da diferença entre os sexos’, afirma que o homem estaria sendo colocado em xeque, pois estaria perdendo a noção de sua própria identidade, passando a buscar uma melhor descrição de si. Este fato conjuraria um certo mal estar dos homens acerca de suas atuais faltas (ou excessos) de referências sobre o masculino (SILVA, 2000). Silva atesta também que, a preocupação com uma possível feminilização por parte de alguns homens fez com que investissem e construíssem para si uma série de papéis e traços representativos da sua condição masculina, cultivando mais do que nunca a sua masculinidade e a sua virilidade, caracterizando também a primeira crise de identidade masculina. Dito isto, este artigo pretende fazer uma ponte com o pessimismo de Max diante de um mundo em que ele sente não se encaixar, as regras da polícia, os códigos morais vigentes e as regras familiares o frustram e o sufo cam, por mais que ame sua esposa e seu filho. As gangues de motos e carros híbridos exibem uma necessidade constante de aprovação do eu masculino cuja imprudência nas estradas é impensada e leva muitos à morte. A proposta, então, é de analisar o conceito de masculinidade construído nos filmes, suas críticas, contradições e idiossincrasias; apontar as dualidades comportamentais que denunciam tal masculinidade como inquestionável e, por fim, questionar sobre como o homoerotismo é construído nos filmes e se ele é apenas um aspecto da narrativa ou um contraponto crítico intencional a essa virilidade compulsória. |
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Bibliografia | ALTMAN, R. Los géneros cinematográficos. Barcelona; Buenos Aires; México: Paidós, 2000. |