ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Traços teóricos na obra documental de Joaquim Pedro de Andrade |
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Autor | Eduardo Tulio Baggio |
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Resumo Expandido | Dos quatorze filmes dirigidos por Joaquim Pedro de Andrade, sete são documentários. Este é o corpo de filmes que interessa para esta investigação. Destes, quatro são documentários dedicados a grandes artistas brasileiros: O Mestre de Apipucos (1959), O Poeta do Castelo (1959), Cinema Novo (1967) e O Aleijadinho (1978). Dois são filmes marcados por críticas sociais, políticas e econômicas: Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova (1967) e A Linguagem da Persuasão (1970). E Garrincha, Alegria do Povo (1963) é um documentário que aborda o grande jogador de futebol e sua transformação em um mito brasileiro. O que há de comum nas escolhas temáticas de Joaquim Pedro é o seu grande interesse pelo Brasil, algo que o cineasta havia frisado em uma famosa frase: “Só sei fazer cinema no Brasil, só sei falar de Brasil, só me interessa o Brasil.” (ANDRADE, 1988). Partindo do que preconiza Jacques Aumont em Pode um filme ser um ato de teoria? (2008), podemos encontrar em alguns filmes traços teóricos. Estes traços, seguindo o que o autor considera ser o percurso lógico de uma formulação teórica, devem apresentar características de especulação, de coerência e de explicação. Num primeiro momento é possível afirmar que os documentários de Joaquim Pedro de Andrade especulam sobre o Brasil, transitando entre questões culturais e problemas de ordem socioeconômicas. Entretanto, ao pensarmos sobre formulações teóricas de um filme, ou de um conjunto de filmes, devemos ter em mente que estas são formulações dadas na linguagem cinematográfica. Logo, a pesquisa aqui proposta busca também as formulações teóricas presentes nos documentários do cineastas que possam emanar da estilística de seus filmes. Por exemplo, como a experiência com o Cinema Direto, em 1962, tornou-se presente na forma de abordagem de Joaquim Pedro para com os personagens de seus filmes a partir de então? E, mais, como essa influência foi incorporada no estilo do diretor e o que isso representa nos traços de especulação teórica presentes em seus documentários? O traço da coerência é algo que pode ser investigado tanto no interior de cada filme, como em um conjunto de filmes, como também na relação dos filmes com os pensamentos do cineasta. Joaquim Pedro apresenta em seus documentários uma coerência interna, muito típica de um cineasta rigoroso, tanto do ponto de vista temático como em sua estilística. Quando observamos o conjunto de seus documentários também é possível encontrar fluxos específicos mais coerentes, como entre os seus dois primeiros curtas, filmados em um mesmo momento e atendendo a proposições comuns. Já Garrincha, Alegria do Povo (1963) e Cinema Novo (1967) apresentam traços coerentes, entre si, naquilo que especulam estilisticamente. Entretanto, é possível notar também a coerência dos documentários com a evolução do pensamento do diretor, que acaba por gerar choques entre os filmes a medida que a obra fílmica vai amadurecendo. Ou seja, aquilo que poderia parecer incoerente na sequência dos filmes do diretor, apresenta-se como coerência evolutiva de seu pensamento. Segundo Aumont, o traço explicativo de uma formulação teórica é o mais difícil de ser percebido e analisado em um filme (AUMONT, 2008:29). No caso específico dos documentários de Joaquim Pedro de Andrade a explicação surge do diálogo dos filmes com os pensamentos expressos pelo cineastas, que, em conjunto, tornam possível a compreensão de uma obstinação pelo Brasil e uma forte tendência realista. Em consonância com a ideia de que filmes podem exprimir ideias de caráter teórico, a proposta aqui apresentada prevê que a comunicação resultante desta pesquisa seja apresentada na forma de ensaio audiovisual, mesclando trechos de documentários, de entrevistas e de textos de Joaquim Pedro de Andrade, com asserções do autor da comunicação. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Campinas, SP : Papirus, 2004. |