ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Mar Adentro: literatura e jornalismo como matéria-prima do cinema |
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Autor | Gisele Krodel Rech |
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Resumo Expandido | Na edição de 18 de janeiro de 1998 do jornal El País, o caderno especial de domingo foi dedicado a um intenso debate sobre a eutanásia, usando como gancho a saga do tetraplégico Ramon Sampedro, que nos anos 90 encampou na Espanha uma ferrenha luta pelo direito de tirar a própria vida. Coincidência ou não, o então jovem diretor Alejandro Amenábar também estava presente nas páginas do periódico naquele dia 18, graças ao destaque obtido por sua obra Abre los ojos, vencedora do festival de Sundance naquele ano. Oito páginas separam os dois na ocasião. Seis anos depois, no mesmo jornal, um já consagrado Amenábar ganhava espaço com a estreia de sua película Mar Adentro, inspirada na vida de Sampedro e na luta dele pelo direito de morrer. A repercussão do caso na Espanha acabou alavancando o filme de Amenábar, que atravessou fronteiras e conseguiu uma boa distribuição fora do território ibérico. Em entrevistas sobre a concepção da película, ele revelou que muito da inspiração para o roteiro veio do livro escrito por Sampedro, cujo desenvolvimento é um dos pontos altos do filme. No entanto, por se tratar de uma história verídica, é inevitável que estejam presentes na obra ficcional, elementos noticiosos contidos nos periódicos da época. Neste estudo, a intenção é perceber por meio da análise fílmica as apropriações de elementos literários e jornalísticos, atentando para o processo de tradução de palavras em imagens, perpassando apontamentos sobre adaptação, com base nos estudos de Robert Stam e apoiando-se no referencial teórico das narrativas – jornalística, literária e cinematográfica - proposto em especial por Luiz Gonzaga Motta, e da linguagem cinematográfica, por meio do trabalho de Marcel Martin. Aliás, este é um estudo essencialmente de narrativas, que preza pela análise de cada uma delas e também para os pontos de confluência que as une para provocar emoção no espectador. É importante, ainda, ressaltar, em um campo mais subjetivo, a importância da obra cinematográfica para dar à história de vida e luta de Ramón Sampedro o sentido de permanência, seja por meio do efeito de alta-voz que o cinema proporciona às páginas dos jornais, seja pela capacidade do filme de apropriar-se de toda a carga emocional do livro de Sampedro, que por meio da linguagem poética traduziu suas alegrias e angústias, como uma espécie de testamento. |
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Bibliografia | GABLER, Neil. Vida, o filme – Como o entretenimento conquistou a realidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. |