ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | A câmera na mão de Dib Lutfi no Desafio de Saraceni |
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Autor | Miguel Freire |
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Resumo Expandido | O resultado fotográfico impresso por Dib Lutfi em O Desafio de Paulo Cesar Saraceni materializa, constrói e traduz a frase fundante do movimento cinemanovista brasileiro: “Uma câmera na mão e um idéia na cabeça,” dita por Paulo e adotada por Glauber Rocha. A idéia de Paulo Cesar Saraceni para a realização de seu longa político - O Desafio - estava calcada no baixo custo de produção e na agilidade das filmagens (40 sequências em 13 dias). Como estética narrativa o uso de longos planos ocupando o todo das sequências, em uma edição de poucos, muito poucos, cortes. “A primeira tomada era de um carro, de onde a câmera filma outro, onde estão Ada, que dirige, tendo Marcelo ao seu lado. Guido (Cosulich) está com a câmera na mão e filma o outro. Depois entrega a câmera para Dib que continua filmando, sem interrupção, dentro do carro dos personagens. E começa o diálogo. Não havia pirotecnias, Era o movimento natural de dois gênios da câmera na mão”, descreve Saraceni. Podemos intuir que a quebra da narrativa tradicional ditada pelo roteiro clássico ocorre em ”O Desafio” pela opção tomada pelo diretor, em harmonia e concordância com o diretor de fotografia, que optam pelo uso pelo uso do plano-sequência, artifício desenvolvido e viabilizado pelo uso da câmera na mão. Quando falamos do roteiro clássico, nos referimos àquele que privilegia a decupagem estruturada na equação habitual: plano, contra-plano e cobertura - sistema de tratamento padrão que possibilita a edição invisível, estribada em “raccord” de imagem e de som. Podemos dizer que ”O Desafio” de Paulo Cesar Saraceni e Dib Lutfi é um filme feito sem maquinaria, sem trilho, sem grua e sem tripé. |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean-Claude. Brasil em tempo de cinema: ensaio sobre o cinema brasileiro de 1958 a 1966. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A., 1967. |