ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | A poética cinematográfica de Eugène Green |
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Autor | Pedro de Andrade Lima Faissol |
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Resumo Expandido | "Poétique du cinématographe" é um livro publicado em 2009 pelo cineasta radicado na França Eugène Green. O conjunto de ensaios que compõe o livro é redigido inteiramente em parágrafos curtos, muito sintéticos, beirando o aforismo. Green resgata uma tradição literária um pouco perdida no tempo: a tradição das poéticas. Como disciplina teórica, a poética é o estudo das obras que define suas características gerais, criando conceitos que podem ser generalizados para a compreensão de outras obras do gênero. Assim, retomando o tom assertivo das poéticas do passado, e se juntando – no gesto e na erudição – aos cineastas Robert Bresson ("Notas sobre o cinematógrafo") e Raúl Ruiz ("Poétique du cinéma"), Eugène Green dá vazão a um conjunto de ideias objetivas que caracterizaria a gênese e a natureza do cinema – chamado aqui, tal como fizera Robert Bresson no passado, de “cinematógrafo”. O livro de Green é dividido em duas partes. Na parte 1, intitulada "A Ideia", Green inicia uma digressão que remonta ao Antigo Testamento, refratando a oposição iconoclasta entre a palavra e a imagem. Segundo Green, essa dicotomia – manifestação do puritanismo vigente – ignora a tradição das Escrituras, já que a aparição de Deus para Moisés se dá tanto pela visão quanto pela escuta. A sua reflexão teórica está filiada a uma tradição da ortodoxia cristã que não distingue a imagem da palavra falada. Segundo o Evangelho de João, Jesus Cristo é a encarnação do verbo divino, e a matéria desse verbo é feita de luz. Há, portanto, uma sugestão de equivalência entre a Luz e o poder criador do Verbo. Ao longo do texto, enquanto desenvolve o conjunto de crenças que compõe sua cosmovisão, Eugène Green atravessa a história da filosofia cristã trazendo para seu lado nomes como São Paulo, Mestre Eckhart, Giordano Bruno, Blaise Pascal, Padre Antônio Vieira etc. O apogeu e o declínio dessa tradição mística teria se dado durante o período barroco, época em que o homem era ainda dominado pelo desejo contraditório de revelar o "Deus Escondido", ao mesmo tempo em que gradualmente criava um modelo do universo que O excluía. O postulado estético de Green consiste em dar visibilidade ao Verbo, reconciliando o presente da obra de arte (reformada pelo espírito no ato da criação) com o elo divino perdido no passado. O cinematógrafo, ou seja, o cinema ideal segundo a sua particularíssima concepção artística, seria "o verbo feito imagem" (GREEN, 2009, p. 15). Em franca oposição às outras artes (e, em larga medida, em oposição ao próprio cinema), o cinematógrafo teria o compromisso de – naquilo que o aproximaria de André Bazin – manter a integridade do mundo filmado; razão pela qual Green advoga pela proscrição de qualquer deformação que perturbe a apreensão estritamente material do quadro cinematográfico. Essa fidelidade ao mundo concreto, paradoxalmente, faria revelar uma "presença real" invisível. O cinematógrafo, a vocação metafísica do aparato, consistiria em dar visibilidade a um mundo espiritual sem o qual [o aparato em si] seria impossível acessar diretamente. Na parte 2 do livro (intitulada "A Prática"), Eugène Green expõe as soluções encontradas – enquanto realizador – para resolver problemas concretos ligados ao roteiro, à fotografia, ao som e ao trabalho com o ator. Ao longo da comunicação, objetiva-se avaliar em que medida as operações descritas na parte 2 de sua poética (operações ligadas à práxis do cinema) conseguem corresponder às ideias enunciadas na parte 1. |
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Bibliografia | BAZIN, André. "O Que é o Cinema?" São Paulo: Cosac & Naify, 2014. |