ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | Alemanha-Brasil: Uma historiografia do cinema transnacional |
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Autor | Wolfgang Fuhrmann |
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Resumo Expandido | Com a manchete sensacionalista “Um filme injurioso ao Brasil e à sua civilização” o jornal Diário de Noticias publicou em março de 1931 um artigo sobre um evento escandaloso que aconteceu semanas antes em Berlim. A razão para a indignação foi a exibição do filme DER WEG NACH RIO [conhecido no Brasil como “A caminho do Rio” e “O caminho do Rio”] (Manfred Noa, D 1931) na Alemanha. “Para o jornalista Ildefonso Falcão a história do filme sobre o tráfico de mulheres, anteriormente conhecido como “tráfico de brancas”, que atrai com falsas promessas jovens alemas para o Rio de Janeiro, obrigando-as a se prostituirem quando lá chegaram foi uma humilhação para o povo brasileiro.” O artigo de Falcão e a intervenção da Embaixada do Brasil em Berlim contra a exibição do filme levou ao mais grave conflito político-cultural entre o Brasil e a Alemanha e terminou com a proibição das importaçãos de todos os filmes do produtor Lothar Starke e da distribuidora Südfilm GmbH. Em contraste com o discurso político, o discurso da indústria cinematográfica foi muito menos exaltado. O jornal Cinearte respondeu ao escândalo apenas um ano depois e A Scena Muda deixou inteiramente de abordar o assunto. Apesar disso, filmes sobre o tráfico de mulheres não eram incomuns no Brasil. Alguns anos antes o filme alemão O TRAFICO DAS BRANCAS (Hans Steinhoff, D 1927) obteve grande sucesso nos cinemas cariocas. A história do filme sobre criminosos, traição, lascividade e erotismo pareceu mais interessante que a locação que, como no DER WEG NACH RIO, era o Rio de Janeiro: A Scena Muda reservou uma página dupla colorida para uma foto das filmagens que mostra senhoras seminuas. O incidente diplomático e as histórias de distribução e exibição dos filmes no Brasil e na Alemanha, além da temática central sobre o tráfico das brancas no Brasil e na Alemanha, são apenas dois exemplos de inumeráveis envolvimentos entra a história do cinema brasileiro e a história do cinema alemão nos últimos cem anos (FUHRMANN 2016, 2015). O exemplo mais recente é o filme de Karim Aïnouz PRAIA DO FUTURO (BR/D 2014). A palestra vai discutir a possibilidade, os benefícios e os limites de uma historiografia do cinema transnacional (HIGSON, 2000; SAUNIER, 2003). Apesar de diferencias estruturais entre os dois cinemas (cronologia, força econômica ou sucesso internacional) a palestra vai argumentar que escrever uma historiografia de uma perspectiva transnacional permite abrir não só novas áreas da pesquisa histórica do cinema como também entender melhor acontecimentos do cinema nacional e da história. |
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Bibliografia | FUHRMANN, Wolfgang. Cinema Nacional, para quem? Associações, Recepção e Transnacionalismo. Revista História: Debates e Tendências, v. 16, n. 2 (2016) (no prelo). |