ISBN: 978-85-63552-21-1
Título | O sentido do transdiciplinar: entre cinemas e ciências. |
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Autor | Gustavo Jardim |
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Resumo Expandido | A noção da transdisciplinaridade abre um terreno relativamente novo de debates e práticas no campo da educação. Vamos nos aprofundar em alguns aspectos do ensino e da formação de professores, através do estudo de um agenciamento transdisciplinar realizado no âmbito do mestrado profissional. Exploraremos as nuances de suas especificidades tentando estabelecer um chão de diálogo entre a teoria a prática. O foco do debate é a teoria, o processo e os resultados da experiência de formação envolvendo professores de cinema e de ciências, realizada no Mestrado Profissional da PUC – MG, em janeiro de 2016. Dez professores de biologia, física e matemática participaram de uma disciplina que propõe como tema as relações entre as ciências e linguagem cinematográfica. O Observatório da Educação (OBEDUC), grupo de pesquisa no qual este trabalho é desenvolvido, dedica-se ao estudo sobre o impacto dos tipos de formação e a geração de produtos educacionais pelos professores envolvidos nos cursos dos mestrados profissionais. Percebemos que muitos desses produtos se baseiam em princípios de integração de conhecimentos de diferentes áreas e criam uma demanda crescente de programas interdisciplinares. O presente trabalho se propõe a discutir a metodologia e o conceito, os limites e colaborações de uma perspectiva transdisciplinar inserida neste contexto. É preciso cuidado para criar a imagem de um conceito movediço, pois não estamos a falar propriamente de uma fórmula na qual os elementos se encaixam em uma equação que nos conduz às respostas certas, seja de alunos ou professores. Este seria o contrário de seu propósito, pois o transdisciplinar existe na medida do acontecimento e do envolvimento criativo, na medida de sua duração, como veremos analisando a proposição de Bergson, ou seja, na sua capacidade de ligar lugares transitórios da linguagem e apresentá-los em sua simultaneidade, como uma imagem “do presente que passa e do passado que se conserva”, envolvendo a subjetividade no próprio tempo. Utilizaremos o cinema para se fazer enxergar a imagem deste tempo ao qual nos referimos, nos apropriaremos de noções sublinhadas por Gilles Deleuze em seus trabalhos sobre o tema, para em seguida, entender como levamos essa compreensão cinematográfica à prática transdisciplinar na sala de aula. O cinema se apresenta como forte aliado no processo, na medida que cria um espaço de conhecimento alheio ao que comumente é percebido como ciência, nos dando a oportunidade de pensar naquilo que está entre um campo e outro, ou seja, o lugar do transdisciplinar. A partir daí, chegamos à noção de um amplo campo que alimenta-se dos demais e para percebê-lo, precisamos entender o caminho possível entre as margens de disciplinas as mais distintas. O cinema tem aqui uma dupla função, sendo uma estrutural, a de estabelecer esta distância de linguagem das demais ciências e outra conceitual, para nos mostrar uma noção de tempo transdisciplinar como duração, a partir de imagens. Portanto, não vamos falar propriamente de um conceito amarrado apenas nas palavras, pois assim ele nos escapa e enrijece, o tomaremos também a partir das imagens e da criação de imagens, por ser esta uma das medidas fundamentais da transdisciplinaridade – uma medida da produção da diferença. Tentaremos definir o conceito abordando sua origem, discutindo seus contornos e também observando imagens e depoimentos no processo/produtos que resultaram do curso Cinemas e Ciências da Natureza. A metodologia do curso está ancorada nos trabalhos de Alain Bergala e nos programas de formação realizados em parceria com a Cinemateca Francesa. |
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Bibliografia | BERGALA, Alain. A Hipótese-Cinema: pequeno tratado de trans- missão do cinema dentro e fora da escola. Rio de Janeiro: Booklink; CINEAD-LISE-FE/UFRJ, 2008. |