ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Fernando Spencer: os primeiros passos de um crítico |
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Autor | Alexandre Figueirôa Ferreira |
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Resumo Expandido | A crítica cinematográfica do Recife vivenciou um renascimento a partir de 1949, ano em que jovens colaboradores e antigos cronistas, estimulados pelo neo-realismo italiano, o cinema hollywoodiano do pós-guerra e as iniciativas da Vera Cruz no Brasil, voltaram à ativa nos jornais locais. Os seis jornais diários passaram a ter pelo menos um crítico regular e no Diario de Pernambuco a página dominical dedicada a arte cinematográfica trazia textos assinados de diversos colaboradores, comentando os filmes em cartaz e discorrendo sobre artistas, diretores e temas ligados ao cinema (ARAÚJO, 1997:15). Essa intensa movimentação durou até 1954 e sofreu um certo recuo até o final da década, com os jornais abrindo mais espaço para o colunismo social em detrimento de assuntos culturais. Mesmo assim novos cronistas surgiram, a exemplo de Celso Marconi, Augusto Boudoux e Fernando Spencer; e no início dos anos 1960 a crítica cinematográfica retomou seu dinamismo. Foi nesse contexto que, a partir de 1958, o jornalista Fernando Spencer, além de repórter, passou a colaborar com a página de cinema do Diário de Pernambuco auxiliando o seu titular Augusto Boudoux. Com o afastamento de Boudoux, Spencer passou a ser o principal cronista de cinema do veículo, onde ficaria por mais 40 anos. Falecido em 2014, Fernando Spencer (depois também cineasta) é, portanto, um dos nomes mais significativos do audiovisual pernambucano e da produção jornalística a ele relacionado. Principal responsável pela preservação e recuperação da memória do Ciclo do Recife, em sua trajetória teve um papel essencial em diversas frentes no que concerne a produção cinematográfica no Estado. Manteve no Diário de Pernambuco um generoso espaço para noticiar e debater a produção internacional, brasileira e local, sendo um dos principais divulgadores e estimuladores da realização de filmes em super 8 e de curtas-metragens. Além disso, manteve durante anos na Rádio Clube de Pernambuco o programa Filmelândia, e na TV Rádio Clube o programa Falando de Cinema; no início da década de 60, foi criador e diretor da Revista da Tela; nos anos 70 e 80, ao lado do jornalista Celso Marconi, foi programador das sessões do Cinema de Arte do Recife; e nas décadas de 80 e 90 foi diretor da Cinemateca da Fundação Joaquim Nabuco. Como cineasta, Spencer foi autor de uma vasta filmografia dedicada sobretudo ao cinema documentário e realizada em 16mm, 35mm e super 8 com filmes reconhecidos e premiados como Valente É o Galo (1974), Adão Foi Feito de Barro (1978), Estrelas de Celulóide (1986), entre outros. Esse trabalho é resultado das primeiras investigações empreendidas para a pesquisa em andamento "A produção jornalística e cinematográfica de Fernando Spencer e sua contribuição à cultura pernambucana", feita em parceria com o Prof. Dr. Claudio Bezerra, cujo objetivo é sistematizar a produção do jornalista e cineasta Fernando Spencer, analisando e interpretando a sua contribuição para o campo da comunicação em Pernambuco em sua dimensão histórica e social. Nele, mostramos como o jornalista, já no início de sua carreira, foi implementando nos artigos publicados um olhar amplo sobre a arte cinematográfica, dando atenção ao cinema comercial predominante, mas também aos filmes e diretores ligados a movimentos como a nouvelle vague francesa; às cinematografias além da norte-americana, a exemplo da italiana e japonesa; e à produção brasileira. |
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Bibliografia | ARAUJO, Luciana. A crônica de cinema do Recife nos anos 50. Recife: Fundarpe/CEPE, 1997. |