ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | James Dean: Mito e herói em Juventude Transviada |
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Autor | Guilherme Popolin |
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Resumo Expandido | Os mitos, criados para explicar os fenômenos da natureza e situações do cotidiano que estão além da compreensão humana, fazem parte do imaginário das sociedades. Os mitos podem ser religiosos ou seculares, e validam leis, instituições e crenças (PATAI, 1972). O mito rompe com o tempo cronológico e projeta o homem simbolicamente a um tempo que não pode ser medido, o Grande Tempo (ELIADE, 2002). James Dean rompeu com o seu tempo cronológico e histórico. Este artigo analisa como seu personagem em Juventude Transviada (1955), Jim Stark, trouxe novas perspectivas de comportamento, com atitudes inéditas de rebeldia no seio familiar e social. O ator foi projetado para o Grande Tempo, atemporal, pois ainda hoje é referência como modelo de rebeldia. Um mito, ao ser reatualizado, se adequa aos costumes e crenças locais. Um processo que prejudica o mito original, com distorções e interpretações secundárias (CAMPBELL, 1995). James Dean proferiu seu discurso mitológico nas falas e atitudes de seus personagens, em suas vestimentas e com seu estilo na vida real. Com sua carreira efêmera, deixou um legado suficiente para ganhar o status de mito. O mito do herói aparece nas sociedades primitivas como um conforto contra a fraqueza humana. O herói percorre sua jornada e vence suas dificuldades e limitações históricas. O percurso da jornada mitológica do herói é representada nos rituais de passagem, que seguem o padrão da separação, da iniciação e do retorno (CAMPBELL, 1995). Este artigo demonstra a construção do mito do herói por meio de três sequências do filme Juventude Transviada. A condição humana, mortal, faz que o homem procure as atualizações do tema do herói. O cinema é considerado um dos principais suportes para exibir o tema do herói e para construir um diálogo entre mídia e mito. (CONTRERA, 2000). Cada cultura vai conceber o herói que se ajusta às suas necessidades e ao momento histórico. Para uma compreensão mais apurada da construção do mito, este trabalho aborda as similaridades entre as vidas do personagem Jim Stark e do ator James Dean. A cultura de massa humanizou as estrelas de cinema. O herói moderno emerge ao passo que a tradição e religião têm seus poderes enfraquecidos. Na década de 1950, os novos olimpianos são responsáveis por ideais inimitáveis e modelos imitáveis para o público. A natureza dos olimpianos é dupla, são sobre-humanos em seus personagens e humanos em sua vida privada (MORIN, 1981). Por meio dos arquétipos, os elementos da mitologia transitam pela história e pelo inconsciente coletivo (JUNG, 2002). James Dean torna-se um dos maiores arquétipos, mito de rebeldia e herói adolescente do inconsciente coletivo do século XX. O ator James Dean validou a crença secular de um novo estilo de vida para a juventude de sua época. Representou, no cinema, a necessidade de uma ruptura com os antigos paradigmas morais, sociais e familiares enfrentados por sua geração. O cinema se comunica com o mito. A transcendência religiosa do cinema com a reprodutibilidade moderna torna-se irresistível ao espectador (CANEVACCI, 1990). O cinema possibilita a criação de novos mitos, personificados em atores e atrizes, que permanecem no imaginário comum. A representação de um personagem diante do público não é tão importante quanto a representação do ator a si mesmo. Para o homem moderno, a arte cinematográfica é significativa por oferecer a realidade (BENJAMIN, 1987). No século XX, o cinema foi responsável pela construção de mitos. Juventude Transviada, fruto de um período histórico favorável à contestação, com um elenco de grande identificação com o público, alçou James Dean ao Olimpo Moderno, com a imagem de herói rebelde. Imagem que reverberou pelos anos e foi inspiração para vários segmentos do entretenimento mundial. Imagem de mito midiático. |
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Bibliografia | BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica. In: Magia e Técnica, Arte e Política. Ensaios Sobre Literatura e História da Cultura. Obras Escolhidas. v. 1. São Paulo, Brasiliense, 1987. |