ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Sexualidade no Cinema Argentino: Olhares sobre a obra de Lucía Puenzo |
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Autor | Lady Dayana Silva de Oliveira |
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Resumo Expandido | O estudo reflete sobre o olhar feminino na abordagem de temáticas contemporâneas permeadas pelas questões de gênero e sexualidade representadas no cinema argentino. O foco de análise se volta para a obra da cineasta argentina Lucía Puenzo, que se destaca pela sua atuação no cinema argentino contemporâneo. Premiada em 2007 com o longa XXY, Puenzo aborda questões de gênero e conflitos em obras que repercutem pela abordagem crítica e atual. Nosso interesse neste estudo centra-se nas escolhas temáticas e estéticas da diretora. Nos guiamos por questionamentos sobre quais elementos se destacam em sua obra e as influências do olhar feminino em suas produções. Nos ancoramos nas ideias de Adriana Piscitelli (2004), Linda Nicholson (2000) e Judith Butler (2003) especificamente sobre as discussões em torno dos conceitos de gênero e a perspectiva da mulher na sociedade atual. O referencial teórico baseia-se também nas contribuições de Michel Foucault (1984) e Jeffrey Weeks (1996) sobre as relações entre corpo, sexualidade e relações sociais. Nesta análise específica nos detemos na perspectiva de gênero do ponto de vista da mulher inserida em um contexto contemporâneo de produção cultural/simbólica. Lembro aqui as ideias de Weeks (1996) que considera o gênero não como uma simples categoria analítica, mas como uma relação de poder, e entende que os padrões de sexualidade feminina representam um poder historicamente enraizado. Desta forma percebemos também a necessidade de uma reflexão sobre a atuação das mulheres em um ambiente tradicionalmente dominado por homens. Foucault (1984) em História da Sexualidade, se volta à análise das práticas pelas quais os indivíduos foram levados a prestar atenção a eles próprios, a se decifrar, a se reconhecer e se confessar como sujeitos de desejo, estabelecendo uma certa relação que lhes permite descobrir, no desejo, o seu ser. Essas discussões e reflexões sobre o desejo dos sujeitos na sociedade pós-moderna, seus conflitos e significações são influenciados também pelas escolhas e olhares de quem produz no campo das artes. Partimos do pressuposto de que esse olhar e impressões se modificam de acordo com as influências sócio-históricas, culturais e de gênero. A materialidade da pesquisa é composta pelas obras dirigidas pela cineasta Lucía Puenzo, especificamente os filmes de longa-metragem: XXY (2007), El nino Pez (2009) e O médico alemão (2013). Lucía Puenzo é escritora e cineasta, tem cinco romances traduzidos em várias línguas e três longas-metragens com passagem em importantes festivais. XXY, seu primeiro longa, conta a história de Alex, uma jovem hermafrodita, de 16 anos, que sofre com sua condição sexual e busca tomar uma decisão sobre seu corpo, tendo que assumir uma identidade. A segunda obra El nino Pez, conta a história de Lala, adolescente da classe alta de Buenos Aires, e Guayi, uma jovem empregada paraguaia que trabalha na casa de Lala. As duas jovens se apaixonam e sonham em viver no Paraguai, uma tragédia muda os planos e ao viajar até o Paraguai, Lala descobre segredos do passado de sua amante. No terceiro filme, em análise, Puenzo conta a história de uma família argentina que atravessa a Patagônia, em 1960, e conhece um médico alemão que os ajuda. Ele torna-se hóspede da família e demonstra preocupação com Lilith, menina que tem um problema de crescimento. Mas todos ignoram que o médico é Josef Mengele, nazista que realizou experimentos com humanos no campo de concentração de Auschwitz. Na análise fílmica tomaremos por base as contribuições de Paula Iadevito (2014) e Laura Mulvey (1996). Esse estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla em nível de doutorado que se debruça sobre a produção de cineastas latino americanas e seus olhares sobre a sexualidade e como temas considerados mais delicados pela sociedade são tratados sob a ótica feminina. |
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Bibliografia | BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. |