ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Em busca do retorno do mútuo: as retratações de Pasolini |
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Autor | Davi Pessoa Carneiro Barbosa |
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Resumo Expandido | Em 1969, em Nova Iorque, Pasolini é entrevistado por Giuseppe Cardillo, e este pede para que Pier Paolo “descreva seu mundo”. O entrevistado, assim, começa fazendo referência ao seu ensaio “Observações sobre o plano sequência”, no qual estabelece um confronto entre “semiologia do cinema” e “semiologia da realidade”, e nessa relação Pasolini constata que a realidade não é como se apresenta aos nossos olhos, visto que ela é um plano sequência infinito, e que o cinema é, portanto, uma filmadora ideal diante desse plano sequência, ou ainda, o cinema é hipotético, impossível, plano sequência infinito, como infinita é a realidade diante de nossos olhos. Por isso, a montagem tem um papel fundamental na obra de Pasolini, e não apenas cinematográfica. A montagem, além disso, traz uma relação muito íntima com a morte, pois para Pasolini não nos manifestaríamos se fôssemos imortais. Desse modo, Pasolini não pode “descrever seu mundo”, ou a totalidade de seu mundo, mas, ao contrário, monta fragmentos. Numa entrevista com Jon Halliday, em 1968, Pasolini diz: “Em primeiro lugar, gostaria de dizer que minha natureza de pasticheur (pasticheur por paixão, isto é, não por cálculo) se constata no cinema como em outras formas expressivas”. Assim, Pasolini, a partir de uma série de montagens, de cortes da linha infinita da realidade, entra em contato com o mais distante pela observação incansável do mais próximo, por exemplo, ao filmar “Il Decameron”, ao traduzir alguns textos teatrais de Sófocles e de Plauto, bem como quando reescreve alguns cantos do “Inferno”, de Dante Alighieri, sempre com o intuito de ler as marcas do passado no presente. Assim, poderíamos pensar o método por desvio de Pasolini como procedimento que busca sabotar a máquina de destruição posta em prática pelos totalitarismos do Poder? Ao contrário do estatuto de completude temos, ao longo de toda sua obra múltipla, uma constante “retratação”, ao modo de Santo Agostinho, isto é, o de tratar algo de novo. A partir dessa reflexão, nosso objetivo é discutir o documentário “Os muros de Saná”, produzido entre 1969 e 1970, o qual retrata uma série de outros textos em que Pasolini traz uma discussão sobre as mutações antropológicas em vigência em várias partes do mundo. |
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Bibliografia | AGAMBEN, Giorgio. Il fuoco e il racconto. Roma: Nottetempo, 2014. |