ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Cinema comunitario e Revolucao Molecular: novas potencias políticas |
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Autor | Andrea Molfetta |
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Resumo Expandido | A implementacao da Lei de Meios de Comunicacao Audiovisual impulsou uma serie de processos sociais subvencionados pelo Estado, dos quais participaram tanto os cineastas como militantes de ONGs, trabalhando unidos nas periferias das duas maiores cidades argentinas; Buenos Aires e Córdoba. Desenvolveram seus trabalhos ali onde a populacao ja estava organizada na base, utilizando o dispositivo cinematográfico como potencializador político de suas acoes de inclusao social. Isto renovou tanto o potencial político do cinema como agente diversificador das vozes no espaco audiovisual (cinema, TV e web), como a conceicao das políticas publicas cinematográficas, ja nao somente dedicadas ao cinema comercial (seja de autor ou nao), como a esta clase de investimento de caráter social no cinema, no intuito de pluralizar as vozes que emergeram na constituicao dos novos meios de comunicacao - processo abruptamente interrompido por decreto do macrismo. Alem da AFSCA (Agencia Federal de Servicos de Comunicacao Audiovisual), outros organismos do Estado e inumeras organizacoes civis do cinema e da base participaram articulando suas políticas em torno da producao audiovisual das periferias. Alem do surgimento de novos meios, fundamentalmente radios e TVs comunitarias, uma profusa quantidade de curtametragens foram produzidos como primeiro passo no caminho deste proceso coletivo de alfabetizacao audiovisual. O trabalho procura expor o impacto desta movilizacao civil em torno da democratizacao audiovisual no campo das subjetividades, em termos de "Revolucao Molecular" (Guattari, 1978), propono a tese de que um novo Terceiro Cinema esta em jogo. O cinema foi abracado como nova agencia de subjetividade a servico dos precarios, fazendo com que muitos, pela primeira vez, enunciasem suas historias, conquistas e demandas, fortalecendo vinculos de base a través da luta por um cinema como arte de todos, incluidos os "nadies". Obervamos que, neste periodo que va de 2009 a 2015, grupos de aposentados de Berazategui, de Ex Combatentes da Guerra de Malvinas em Quilmes, de adolescentes em Vila Hudson, e ate das tribus de motoqueiros de Florencio Varela, organizaram-se para revitalizar e compartilhar suas experiencias cotidianas, fortalecendo seus lacos identitarios como grupo, através de um cinema artesanal com o qual expressar desejos, dificuldades, logros e objetivos a futuro. Um cinema com o qual fazem ouvir suas vozes e opinioes, nao somente no individual, mas trabalhando na dimensao de uma subjetividade grupal que os expresa e reordena rumo a novas experiencias coletivas. Nos consideramos que trata-se, nesta dimensao molecular, de um cinema comunitario entendido como cinema político, vinculado genéticamente ao legado do histórico Terceiro Cinema (Solanas/Getino, 1968) pelo seu carater militante, coletivo e revolucionario. Mudou, radicalmente, a amplitude com que pensamos as prácticas políticas do cinema, que hoje se projectam em dimensoes que vao do micro-político pessoal em quanto revolución molecular, a esfera do comunitario, nacional y regional. Como afirma Bentes, estes territorios, que sempre foram pensados como produtores de pobreza, hoje produzem uma riqueza em termos de experiencias políticas, economicas, sociais, comunicacionais e estéticas que fazem com que aqueles precarios que sempre foram tratados como objetos de representacao passem, efetivamente, a ser sujeitos da enunciacao das suas proprias realidades. O trabalho procura expor, alem do alcance micro-político tranformador do cinema comunitario das perfierias, as contradicoes deste processo histórico de seis anos. |
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Bibliografia | BENTES, Ivana, (2012), “Redes Colaborativas e Precariado Produtivo”, Revista PERIFERIA – Volume 1. Número 1, 2012. |