ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Paisagem, natureza e imanência em Post Tenebras Lux de Carlos Reygadas |
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Autor | Mariana Arruda Carneiro da Cunha |
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Resumo Expandido | Carlos Reygadas é conhecido por dirigir filmes que exploram questões emocionais complexas através de uma série de recursos estéticos, como a duração prolongada dos planos-sequência, a atenção excessiva à mise-en-scène, a obsessão pela materialidade do filme. Post Tenebras Lux (2012) é o quarto longa-metragem do realizador mexicano, que retrata uma série de momentos na vida de uma família de classe média. O enredo é intercalado por sequências desconexas que desorganizam a linearidade temporal e a continuidade lógica do filme, enquanto a narrativa principal chega ao ápice numa tentativa de assassinato de Juan, o protagonista, durante um assalto, o que leva à decadência da família até sua. Filmado em torno da casa da família cercada de florestas, a construção espacial do filme se volta para os espaços naturais e para o mundo fenomenológico e sensorial, que espelha a ruína do casamento dos protagonistas. Ao intercalar espaços desconexos ‒ para usar a terminologia de Gilles Deleuze em O que é o ato de criação ‒ entre os espaços narrativos, Reygadas destaca o quadro como lugar da performatividade de estados emocionais e do surgimento de afetos. Esta comunicação examina as estratégias usadas na construção do espaço fílmico como elemento que congrega natureza, paisagem, animais e humanos, revelando, assim, múltiplas subjetividades e criando um cinema da imanência. Em outras palavras, argumenta-se que Post Tenebras Lux põe em cena uma comunhão e uma presença imanente dos corpos, rostos, objetos e ambientes que transformam os quadros em imagens abertas (Chaudhuri e Finn, 2003), criando uma dimensão corporal e sensorial no filme. Com base nas discussões teóricas acerca do cinema sensorial (Barker, 2009; Marks, 2000; Margulies, 2003), de natureza e animalidade (Pick, 2011; Pick e Narraway, 2013; Berger, 2009), de espaços desconexos e imanência (Deleuze, 1987; Deleuze e Guattari, 1987), busca-se analisar a construção espacial das paisagens e o enquadramento dos corpos (humanos e animais). Considera-se que Reygadas ancora seu filme em conflitos sociais, mas privilegia o enquadramento afetivo de situações que são desdramatizadas, a fim de revelar a presença e a materialidade dos personagens, dos espaços e dos objetos. |
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Bibliografia | Barker, Jennifer. The Tactile Eye: Touch and the Cinematic Experience. Berkeley: University of California Press, 2009. |