ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | O MÚSICO, A MÚSICA E A CENA: PERFORMANCES MUSICAIS DE JARDS MACALÉ |
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Autor | Cristiane da Silveira Lima |
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Resumo Expandido | Nos últimos anos, a vida e a obra do músico carioca Jards Macalé foram objetos do interesse de diferentes produções audiovisuais: é o caso dos documentários brasileiros Jards Macalé (Suely Rolnik, 2005) , Jards Macalé: um morcego na porta principal (Marco Abujamra e João Pimentel, 2008); Jards (Eryk Rocha, 2012); o curta O pato – a very short portrait of Jards Macalé (Vincent Moon e Clara Cavour, 2011) , uma realização francesa; além do curta ficcional Tira os óculos e recolhe o homem (André Sampaio, 2007). Conforme esclarece a pesquisadora Lia Duarte Mota (2013), o compositor ganhou novo espaço após um período de relativo “desaparecimento” da cena pública, tendo ressurgido nos últimos anos graças a shows, entrevistas, espetáculos – além dos filmes. Ela afirma: “Se os anos de 1970 são marcados por uma produção intensa, a década seguinte é um momento de apagamento, período em que o artista perdeu seu espaço no mercado e gravou apenas discos como intérprete. No entanto, sua produção artística não deve ser reduzida à produção fonográfica” (p.1). Nesse sentido, podemos afirmar que Jards Macalé nunca esteve longe do cinema brasileiro. Uma rápida pesquisa na base de dados “Filmografia Brasileira”, disponível no site da Cinemateca Brasileira, nos aponta a existência de ao menos 38 obras em que o compositor figura na ficha técnica – incluindo aí documentários e ficções, curtas e longas-metragem, que vão desde os anos 60 até os dias atuais. Seja como compositor da trilha musical, seja como identidade/elenco. Como ator de ficção, podemos citar sua atuação como o cego e violeiro Firmino em O Amuleto de Ogum (1974) e como Pedro Archanjo, na adaptação de Jorge Amado para o cinema de Tenda dos Milagres (1977), ambos de Nelson Pereira dos Santos. Sua música integra a trilha musical de inúmeros filmes (incluindo obras de Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Antônio Carlos da Fontoura, Ana Carolina) e em outros tantos ele aparece em momentos específicos, como no documentário Bethânia bem de perto – a propósito de um show (Júlio Bressane e Eduardo Escorel, 1966) e no experimental O vampiro da cinemateca (Jairo Ferreira, 1977). Em 2016, no Encontro Anual da SOCINE, apresentamos uma análise detida do filme de Eryk Rocha, que acompanha o processo de gravação do álbum homônimo do músico. Na ocasião, demos especial atenção à montagem e ao desenho de som do filme, para refletir sobre a música de Jards em cena neste documentário específico. No trabalho a ser apresentado em 2017, propomos ampliar nossa escala de abrangência e nos indagar como se dão as performances musicais deste compositor no cinema brasileiro, a partir da análise de fragmentos pinçados de diferentes contextos, formatos e estilísticas. Nosso recorte privilegiará filmes em que Jards Macalé é visto em cena, seja interpretando a si mesmo, seja em papeis ficcionais, preferencialmente tocando ou cantando. Qual o papel que o corpo do músico exerce nessas obras? Como esse corpo se articula à música? Conforme explica Marcia Carvalho (2015) ao falar da história da canção no cinema brasileiro, nos anos 60-70, “a valorização dos artistas do rádio passava a ser substituída pela preocupação com as habilidades performáticas diante da câmera, colocando a imagem do artista, seus gestos, danças e postura cênica como centro das atenções na difusão da música popular massiva” (p.124). Jards afirmou em uma entrevista para um programa de TV: “só fiz personagem de mim mesmo, mesmo sendo outro” . Por esse motivo, buscaremos incluir na análise aspectos que tensionem essa relação documental/ficcional, e nos ajudem melhor a compreender a relação entre o músico, a música e a cena. |
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Bibliografia | CARLSON. Marvin. Performance: uma introdução crítica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. |