ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | O som documental segundo Jerónimo Labrada |
|
Autor | Glauber Brito Matos Lacerda |
|
Resumo Expandido | Jerónimo Labrada Hernandez é um engenheiro de som cubano com vasto legado que ultrapassa a costa da ilha caribenha. Nas últimas cinco décadas, trabalhou nas trilhas sonoras de mais de cem filmes, entre documentários, ficções e animações. Ao mesmo tempo, Labrada tem uma grande importância na formação de profissionais do som, tendo em vista que é um dos fundadores da Escuela Internacional de Cine y Televisión (Cuba), onde ministra aulas há 30 anos, além de ser um dos criadores da Facultad de Medios Audiovisuales del Instituto Superior de Artes (Havana-Cuba) e de ter dado cursos livres, até 2003, na Escuela Superior de Cine y Artes Audiovisuales de Catalunya (ESCAC). Entre 1969 e 1973, Labrada teve forte atuação como engenheiro de som do Grupo de Experimentación Sonora (GES), responsável por profundas inovações na sonoridade da música popular cubana e nas trilhas sonoras dos filmes cubanos. Em 1968, seis meses antes de se graduar no Instituto de Telecomunicaciones y Eletrónica, Jerónimo Labrada foi convidado a trabalhar como engenheiro de som no Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (ICAIC). Antes de se dedicar profissionalmente ao trabalho de engenheiro de som, Jerónimo passou por um treinamento de um ano e meio com professores estrangeiros e cubanos que estavam colaborando com o melhoramento técnico das praoduções artísticas pós- revolucionárias. A presença de técnicos franceses em Cuba era constante, como é o caso de Jean Claude Lareaux e Antoine Bonfanti[1], o que influenciou fortemente no fluxo de trabalho daqueles que assinavam o som dos filmes nacionais. Segundo Labrada: Nós vínhamos imbuídos das tendências francesas, do cinema francês, onde os técnicos de som faziam tudo, desde o som direto e os processos de pós-produção musical até a mixagem, e conseguimos emplacar a ideia de que exista uma única pessoa que tem a ideia do som do filme que vá do início até o final. [2] Tomando como base os filmes que trabalhou em todo o processo da concepção sonora, Labrada defende que, pelo menos no cinema cubano, o documentário comumente foi um campo mais criativo do que a ficção, tendo em vista que as películas ficcionais muitas vezes são filmadas a partir de “Roteiros Surdos” (LABRADA, p. 54, 2009), isto é, obras em que os personagens não ouvem e interagem com os sons que os circundam e a materialidade sonora não aparece descrito de maneira criativa na concepção inicial do filme. Por isso, Labrada afirma que[2]: Durante várias etapas do cinema cubano, preferi o trabalho de som para o cinema documental do que para o cinema de ficção. Sempre via neste campo maior facilidade para fazer um trabalho criativo. No cinema de ficção, a tradição era que nos encontrávamos com um roteiro que já estava pronto, um ideia definitiva sobre a qual não havia praticamente nenhuma possibilidade de atuar no sentido de propor com o som alguma solução expressiva. Ou seja, quando te ocorre alguma ideia criativa com relação a uma história, tem-se que, necessariamente, se modificar o roteiro, e, neste sentido, poucos diretores de ficção estariam de acordo em fazer essas mudanças. Esta comunicação, portanto, reune entrevistas, depoimentos, escritos e análises de trechos de filmes que Jerónimo Labrada assina a trilha – como 79 Primaveras (Santiago Álvarez. Cuba, 1969), Abril de Vietnam en año del Gato (1975) e Desde la Ventana (Leopoldo Pinzón. Colombia, 2002) – para se compreender como o projetista de som cubano pensa a trilha sonora em filmes documentais. [1] Em e-mail respondido ao autor. [2] Em entrevista dada para Víctor Calzada e Dean Reyes. |
|
Bibliografia | CALZADA, Víctor F.; REYES, Dean L. Entrevista Jerónimo Jabrada: “las películas siguen siendo mudas mismo en una era sonora”. Disponível em http://www.salabeckett.cat/fitxers/pauses/pausa-31/entrevista-a-jeronimo-labrada. Acessado em 17 de maio de 2016. |