ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Narrativa contra mundo: a crítica para Tag Gallagher e Robin Wood |
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Autor | Sérgio Eduardo Alpendre de Oliveira |
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Resumo Expandido | Nesta apresentação, além de procurar uma maneira de estabelecer uma relação profícua entre crítica e academia, defenderei que a crítica deve voltar a se ocupar, não integralmente, mas infalivelmente, da forma, do que tem de específico na arte com a qual ela vai se debater. É precisamente o que faziam os críticos da geração de Truffaut, sobretudo aqueles que se encastelavam sob as asas de André Bazin na prestigiada revista Cahiers du Cinéma. Baseavam seus juízos de valor num elemento de suma importância para a arte cinematográfica: a mise en scène. Em suma, não importa a história narrada em um filme, mas a maneira como ela é narrada. Essa maneira é atravessada pela mise en scène, pelos elementos que devem compor o retângulo mágico da tela, como também pelo realismo (Bazin) e pela montagem (Godard). A falência crítica passa, a meu ver, por uma aproximação exagerada com duas outras instâncias que, isoladas, não representam perigo, mas que, pela proximidade, acabam por contaminar a crítica e prejudicá-la, ou extirpar dela coisas que lhe são caras como a liberdade, a paixão, o rigor. Essas duas outras instâncias são o jornalismo e a academia. A crítica que se aproxima demais do jornalismo, na busca pela informação e na necessidade de contar a história do filme, entre outras coisas desnecessárias à disciplina crítica, corre o sério risco de perder tanto a liberdade quanto o rigor. A crítica que se aproxima demais da academia, por outro lado, com seus tabus e sua frieza analítica raramente ultrapassada nos estudos acadêmicos, está sujeita à perda da paixão, e a paixão é um dos motores da crítica. Além disso, ela está sujeita aos preconceitos e predefinições do ambiente acadêmico, como por exemplo a tendência a adequar filmes às mais variadas questões, utilizando-se, por outro lado, dos mesmos autores. Esses são elementos e cacoetes que só podem desestabilizar a atividade crítica. Autores como Oscar Wilde, Northrop Frye, Clement Greenberg, Antonio Cândido, Anne Cauquelin, Maria Cecília Garcia, Tag Gallagher, Robin Wood e Jean Douchet, entre outros, passaram por questões como: o que significa a crítica, qual sua importância, para que e para quem serve e no que sua ausência ou fraqueza implicam para o desenvolvimento da arte em um determinado tempo histórico. Com a ajuda desses autores, pretendo investigar os motivos que levam à falência da atividade crítica atualmente, ou a um processo que levará à falência da crítica, apesar desta ainda despertar grande interesse de pesquisadores, cinéfilos e leigos. Os principais autores analisados em minha comunicação serão Tag Gallagher e Robin Wood. O primeiro revela-se praticamente um anti-acadêmico em seu explosivo "Narrativa contra mundo", sobretudo quando resolve atacar aqueles que têm o hábito de ler os filmes, ao invés de ver, atitude que para ele é equivocada. Wood, diferentemente, procura uma ponte possível entre as duas disciplinas em "Nossa cultura, nosso cinema: Por uma crítica repolitizada", prólogo para seu livro sobre o cinema americano dos anos 1970. Wood, por sinal, demonstra, no prólogo e em sua prática, uma ideia da crítica muito semelhante à defendida por Antonio Candido no livro Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. A de que as análises do contexto e da forma são igualmente importantes ao exercício crítico. |
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Bibliografia | ARGAN, Giulio Carlo. Arte e crítica de arte. Editora Estampa, Lisboa, 1988. |