ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Por que a crítica de telenovela? Como ela entra nesse debate? |
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Autor | Maria Ignês carlos Magno |
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Resumo Expandido | Por que estudar a crítica numa época em que ela anda tão desprestigiada? Por que pensar a crítica da telenovela brasileira numa época em que o formato já está para lá de consagrado? São as duas perguntas iniciais que me coloquei ao retomar os estudos sobre a crítica como parte da produção cultural brasileira. A primeira porque apesar da “perda da função de autoridade que o gênero teve no passado” [....] “do desprestígio, ainda existe”, e exerce sua função nas três categorias em que pode ser classificada na atualidade: “a universitária, que se manifesta em forma de artigos longos destinada a leitores especializados; a jornalística, praticada nos meios de comunicação imediata, impressa ou eletrônica, que se manifesta em textos curtos e informativos; a crítica exclusivamente eletrônica dos blogs, que exprime opiniões sobre as obras publicadas”(PERRONE-MOISÉS:p.61), e a segunda exatamente porque, de formato desprestigiado pela maioria dos intelectuais nos anos 1960/1970, hoje a telenovela é parte integrante das reflexões acadêmicas e amplamente estudada nos mais variados aspectos, sejam as temáticas, a estética, as aberturas, as trilhas sonoras, a tecnologia, além da participação direta do telespectador que acompanha os índices de audiência, comenta cenas, sequências, personagens, lê os resumos e as fofocas nas revistas semanais, participa de debates nas redes sociais e tudo que diz respeito a elas enquanto estão no ar. E se nos dias atuais mesmo os que não se dedicam aos estudos de telenovela ou simplesmente não gostam e nem assistem, não negam a sua força e o fato de ela estar embrenhada no nosso cotidiano e ser parte intrínseca da cultura nacional. Considerando as duas perguntas iniciais, os emblemáticos anos 1970, a situação atual da crítica e dos estudos sobre a crítica, e o fato de que enquanto a crítica literária, teatral e cinematográfica perdiam espaços na mídia impressa e a crítica de televisão e de telenovela ganhava as páginas dos jornais diários, interessa estudar a crítica de televisão e de telenovela praticada nos jornais e revistas nos anos 1970. A televisão, um eletrodoméstico a mais que entrava nas casas e no cotidiano das pessoas e um gênero ficcional, a novela, escrita por novelistas e dramaturgos que migravam do teatro para um meio sem tradição e para uma tela pequena que também entrava nas casas e na vida do povo brasileiro. Um meio de comunicação sem tradição, um gênero que conquistava cada dia o telespectador e uma crítica que por ter a televisão e um tipo de dramaturgia feito para ela, constitui-se como crítica no exercício diário praticado nas páginas dos jornais. Nesse cenário, interessa pensar a crítica no contexto histórico e teórico daqueles anos, e a crítica de telenovela que mesmo não participando diretamente dos debates sobre a crítica e a teoria crítica, era praticada nos jornais, e, apreender como esse exercício diário contribuiu para que o formato telenovela alcançasse o nível em que se encontra e o reconhecimento cultural que lhe é dado. A recuperação das correntes em disputas e das filiações teóricas e filosóficas merece justificativa porque nos coloca questões como: por que e como pensar a televisão, a telenovela e a crítica de telenovela naquele momento histórico? Como pensar o exercício dos críticos da dramaturgia televisiva dos anos 1970? Como abordar o exercício da crítica sobre telenovela produzida nos jornais? É nesse contexto, no exercício dos críticos que escreviam sobre a teledramaturgia televisiva dos anos 1970, no movimento interno da crítica e nas abordagens teóricas sobre o meio e as obras que desejo apreender como construíram suas críticas e contribuíram para o desenvolvimento do formato telenovela, e trazer para essa mesa uma reflexão a mais sobre a crítica e a atividade crítica. |
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Bibliografia | BACCEGA, Maria Aparecida. Crítica de televisão: aproximações. In: MARTINS, Maria helena (Org) Outras Críticas, Senac/Itaú Cultural, 2000. |