ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Resistência e Memória: A Política e a Recepção da Crítica a Aquarius |
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Autor | Regina Lucia Gomes Souza e Silva |
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Coautor | Wanderley de Mattos Teixeira Neto |
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Resumo Expandido | Em 2016, o Brasil passou por um emblemático momento político, o processo de impeachment movido contra Dilma Rousseff, mobilizando um cenário de opiniões polarizadas. Naquele ano, Kleber Mendonça Filho disputava a Palma de Ouro no Festival de Cannes com seu segundo longa-metragem de ficção, Aquarius, três anos depois da bem-sucedida recepção do seu filme anterior, O Som ao Redor (2013). Durante a sua passagem pelo evento, o realizador e seu elenco seguraram cartazes que denunciavam àquele processo político como golpe de estado. O ato do diretor e sua equipe deu início a uma reação de adesões e rejeições em diversas esferas públicas a Aquarius antes mesmo que o filme fosse exibido comercialmente nos cinemas. A cobertura mundial dos acontecimentos políticos do Brasil em 2016, a visibilidade do Festival de Cannes e a notoriedade do cineasta pareciam preparar um cenário incomum de recepção a Aquarius, uma percepção reforçada pela não nomeação do filme como candidato brasileiro a uma vaga na categoria filme estrangeiro do Oscar. Toda esta trajetória do longa nos motivou a pensar sobre a recepção da crítica nacional e internacional de Aquarius e na maneira como esse contexto histórico foi articulado por esta instância na compreensão da obra. A análise levou em consideração críticas brasileiras e estrangeiras por entender que dada a projeção do filme e do ato da equipe do longa em Cannes, o contexto histórico-cultural do lançamento de Aquarius revela uma variante na recepção que extrapola limites territoriais. Entre os veículos nacionais, foram escolhidas críticas da Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Cinética e Veja e como representantes internacionais, a Variety, The Hollywood Reporter, L.A. Times, New York Times, The Guardian e El País. A seleção levou em consideração o potencial de repercussão de seu conteúdo, compondo aquilo que Mattias Frey (2015) compreende como autoridade, ou seja, a capacidade de um discurso ser formulado e ser reconhecido como uma fala legítima sobre a obra. Para analisar as críticas consideramos o sistema téorico-conceitual dos “Estudos Históricos da Recepção nos Media” explorado, sobretudo, por Janet Staiger (1992; 2000; 2005) e David Bordwell (1991) que entendem que os diferentes modos de recepção relacionam-se a condições históricas específicas, moldadas por processos interpretativos que escapam à análises meramente imanentistas dos textos. Dessa forma, a crítica de cinema é vista como instância de recepção cujos vestígios são impressos nos discursos públicos dos críticos. Além disso, também avaliamos a perspectiva que José Luiz Braga (2006) traz a respeito da recepção, entendendo-a como uma etapa de produção de respostas sociais sobre conteúdos midiáticos, compreendendo a crítica em sua dimensão sistêmica. Nossas conclusões apontam para a presença nos discursos de críticos brasileiros e estrangeiros, em que se destaca a protagonista Clara (Sônia Braga), enquadrando sua trajetória no longa como uma metáfora da resistência e da memória, e também a demasiada ênfase na discussão sobre a construção narrativa do filme. Segundo os críticos, o posicionamento de Mendonça Filho em Cannes encontra eco no filme quando nele se percebe um discurso do realizador sobre o cerceamento de direitos enfrentado por sua protagonista. Existe, contudo, nos textos brasileiros, um esforço de sublinhar a possibilidade do espectador apreciar o longa independente de compartilhar o ponto de vista político do seu realizador, ou seja, um empenho em não reduzir o filme às polêmicas suscitadas no contexto cultural de seu lançamento. Já para a crítica internacional Aquarius foi visto como um filme que, por se apresentar como um estudo de personagem, possibilitaria ao espectador (não brasileiro) encará-lo como uma narrativa que aborda temas universais, ainda que a partir de contextos particularmente brasileiros (a especulação imobiliária na orla de Recife, o trabalho doméstico etc). |
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Bibliografia | BARROS, Laan Mendes. Recepção, mediação e midiatização: Conexões entre teorias europeias e latino-americanas. In: MATTOS, Maria Ângela; JANOTTI JUNIOR, Jeder; JACKS, Nilda (org.). Mediação e Midiatização. Brasília, Salvador: Edufba (Compós), 2012; |