ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | MESHES OF THE ADVENTURE: Diálogos entre Maya Deren e Pendleton Ward |
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Autor | Janiclei Aparecida Mendonça |
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Resumo Expandido | Desde o surgimento da primeira animação intitulada Fantasmagorie de Émile Cohl em Paris (1900) o cinema de animação tem percorrido um caminho que – concomitante ao cinema - se entrecruza com técnicas, tecnologias e narrativas cinematográficas, o que pressupõe também a reflexão sobre os hipertextos que perpassam as produções, os sujeitos aos quais são destinadas e seu desdobramento para o que é denominado série de animação. Nesse ínterim, pensar sobre a animação seriada implica compreender – em termos gerais - uma narrativa que se estende por episódios estruturados em tempo e ritmo próprios – diferentemente do cinema de animação – e que hoje é destinada ao consumo diário via televisão ou internet. Assim, a propósito de dar continuidade à reflexão empreendida sobre a narrativa de séries de animação, o presente artigo tem como objeto de estudo o episódio Is That You? (2014) de Adventure Time (Pendleton Ward, 2006) para a partir do estabelecimento do diálogo com Meshes of the Afternoon (Maya Deren e Alexander Hammid, 1943) verificar a presença hipertextual tanto em relação a forma e conteúdo, quanto a narrativa mitonírica entre as obras. O intuito da discussão é avançar na problemática apresentada sobre o advento de uma narrativa que não se restringe a uma categoria estanque, delimitada, expandindo-se e ultrapassando as possibilidades narrativas atuais e que rompe com a narrativa tradicional a exemplo das obras de Maya Deren. Para tanto, o estudo se embasa, ainda que brevemente, em obras de autores como Gérard Genette, Adams Sitney, Renato Luiz Pucci Jr., Mircea Eliade, Carl G. Jung, Stuart Hall, Zigmund Bauman, David Harvey e Chistian Metz para traçar um panorama geral desde o atual momento de produção, passando pela questão do mito e do onírico para culminar na análise das obras e primeiras considerações sobre a pesquisa. Em relação a metodologia, utilizou-se o estudo bibliográfico e a análise textual de Jacques Aumont. No entanto, para facilitar a análise, foi realizada uma descrição geral das obras por cenas para, somente após, estabelecer o diálogo e traçar as aproximações sobre forma e conteúdo entre ambas. Dessa forma, é necessário discutir, ainda que de maneira geral, sobre a questão da contemporaneidade para que possamos refletir sobre o contexto no qual Adventure Time é produzido e suas possíveis raízes. A partir do exposto, observa-se que o presente cenário de produção não apresenta características fixas e, portanto, verifica-se a proeminência de estilos em detrimento de escolas específicas de criação. Partindo desse pressuposto, a hipertextualidade torna-se então um fenômeno presente nas obras audiovisuais apontando para o advento de narrativas híbridas, ou seja, que se estruturam a partir de outros textos preexistentes (re)visitando-os, (res)significando-os e tecendo-os em sua malha narrativa. Assim, torna-se necessário um olhar mais atento e pormenorizado em relação às produções audiovisuais, aqui enfatizando as séries de animação na busca da compreensão dos mecanismos narrativos. Nesse sentido, Adventure Time apresenta-se como uma narrativa que supera o fragmentado amorfo e desconexo para configurar-se em uma série de animação amalgamada à narrativa mitonírica – assim como em Meshes of the Afternoon, ao tratar de questões interiores e universais como amizade, saudade e superação – que, para além de estabelecer conexão entre o espectador e mito via o onírico, (re)introduz numa narrativa de série de animação o retorno à essência, ao primordial, incitando uma nova (ou renovada) maneira de se ler, sentir e refletir o mundo e o “eu”, apesar de se tratar de uma obra audiovisual produzida para ser veiculada comercialmente. Talvez essa seja uma das particularidades que mais chamam a atenção na série. Por fim, se observa que os 71 anos que separam a obra de Deren e Hammid da de Pendleton Ward não se configuraram em obstáculo para o diálogo hipertextual entre ambas as obras. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. et all. A estética do filme. 4ª Ed. São Paulo: Papirus, 1995 |