ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Inovação na telenovela? Uma análise da crítica de “Avenida Brasil” |
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Autor | Inara de Amorim Rosas |
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Resumo Expandido | Os estudos do cinema e da televisão têm buscado refletir sobre a relação entre espectadores e críticos, reconhecendo a importância do contexto no processo de recepção audiovisual. Partindo dessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo analisar as críticas – tanto de veículos jornalísticos quanto de blogs especializados – da telenovela do horário das 9 da Rede Globo Avenida Brasil (2012), de João Emanuel Carneiro e direção geral de Amora Mautner e José Luiz Villamarim. Avenida Brasil foi uma produção de múltiplos êxitos: grande audiência – seu capítulo final foi o programa de televisão mais visto em 2012, a telenovela mais exportada da Globo, sucesso de crítica, uma das novelas mais comentadas e discutidas nas redes sociais, gerando debates jornalísticos e investigações acadêmicas se ela consistiria em um novo modo de se fazer televisão, por suas inovações estilísticas, de enredo e na nova forma de consumo através das mídias sociais (CERQUEIRA et al. 2015; PUCCI, 2014; ORTIZ, 2013). Robert Stam (2003) assinala que a história do cinema não é apenas a história dos filmes e cineastas, mas também a história dos vários significados que os públicos têm atribuído aos filmes. A crítica é tanto registro de recepção de obras audiovisuais quanto um elemento de investigação do alcance histórico dessas obras, sua recepção na linha do tempo. Nossa investigação aqui proposta utiliza a metodologia desenvolvida pelo grupo de análise de teleficção (Atevê) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA para os dois últimos biênios de pesquisa no núcleo local do Observatório Ibero Americano de Estudos de Televisão (OBITEL), do qual fazemos parte. Tal método de busca pelas críticas consiste numa pesquisa anônima pelo Google do termo “Avenida Brasil’ crítica” dos seus 100 primeiros resultados, e a partir deles, realiza-se uma varredura dos sites relacionados em busca de críticas da telenovela referida. Como os dados da Internet são bastante voláteis, essa coleta é realizada em uma janela específica e curta de levantamento de dados, que estabelece a caracterização de um período singular e garante sua solidez (SOUZA et al., 2015). Após essa coleta de material, estabelecemos critérios ao tipo de crítica conforme preceitos e classificações presentes em Argumentação e Crítica (CARDOSO E CUNHA, 2004). Acreditamos que essa metodologia é mais adequada para nossos objetivos de pesquisa porque pudemos observar que a partir de Avenida Brasil, vários veículos surgiram para realizar crítica deste produto e seguiram para analisar as novelas posteriores e suas novas formas de recepção através das mídias sociais. Observamos também que mesmo 5 anos após a estreia da telenovela, ela segue gerando críticas e comparações com outros produtos cinematográficos e televisivos. A Estética da Recepção, conforme Jauss (1979) considera as obras literárias como um processo de recepção e produção estética que se realiza na atualização de textos por parte do escritor produtor, do leitor que os recebe e do crítico que reflete sobre eles. Relacionando essa perspectiva aos estudos de televisão, o trabalho proposto tem como objetivo avançar no entendimento de aspectos do contexto contemporâneo da teledramaturgia através das críticas da telenovela Avenida Brasil (2012), observando como elas dialogam com a novela enquanto produto estético e comunicacional e seu contexto de produção. As telenovelas enquanto produtos culturais estão inseridas no interior de práticas sociais contextualizadas histórica e socialmente. Com este trabalho, esperamos contribuir na compreensão do processo comunicacional estabelecido entre os espectadores e uma obra televisiva aberta como a novela, que convoca dinâmicas específicas entre obra e espectador; e através da análise da repercussão alcançada, o papel de Avenida Brasil na cultura contemporânea. |
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Bibliografia | CARDOSO E CUNHA, T. Argumentação e crítica. Coleção Comunicação. Coimbra: Minerva Coimbra, 2004. |