ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Narrativa audiovisual em videoclipes e filmes de Xavier Dolan |
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Autor | Rodrigo Oliva |
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Resumo Expandido | Este resumo faz parte de um projeto que busca compreender as aproximações estéticas e poéticas das linguagens audiovisuais. Trata-se de um estudo centrado na linguagem do videoclipe e do cinema, com foco na narrativa audiovisual. Aponto que um dos aspectos que caracteriza a linguagem do videoclipe é a ruptura da narrativa. Alguns autores como Arlindo Machado (2003) e Carol Vernalis (2014) pontuam que os videoclipes se estruturam a partir da ideia de um efeito narrativo, uma certa intenção narrativa, mas que se apresenta de uma forma incompleta. Vernalis (2014) discute que os formatos dos videoclipes são fluidos e que, a partir do tempo numérico das canções, suas narrativas são soltas. Bryan Alexander (2011) sistematiza o conceito de digital storytelling. Segundo o autor, as histórias continuam sendo contadas, mesmo com mudanças de paradigmas estruturantes das articulações das linguagens. Alexander debate que as imagens, tons musicais ou objetos em sua unicidade não se constituem como uma história, cuja a articulação é evidenciada como narrativa, a partir da estruturação destes elementos em sequencialidade. Ao estudar o digital storytelling numa aproximação com a linguagem do videoclipe, percebo uma ampliação das narrativas em vários videoclipes contemporâneos. Antes estruturados a partir do tempo total da música, com formatos para serem encaixados em blocos com fluxos bastante característicos, os videoclipes aproximavam-se, na maioria das vezes, com as experiências das estéticas da videoarte. Hoje, com as plataformas digitais, temos um dilatação narrativa. Os videoclipes não estão mais presos as configurações do tempo exato da canção. Nesta abordagem, discuto os videoclipes College Boy (2013) e Hello! (2015) dirigidos pelo cineasta canadense Xavier Dolan, bem como seus filmes Mommy (2015) e Amores Imaginários (2010) e proponho pensarmos como essa intenção de narrativa vem se ampliando nos novos cenários das mídias, configurando-se como “narrativas dilatadas”. O que vemos são videoclipes se aproximando de formatos cinematográficos, numa intensa hibridização de formas. Há inserção de personagens, de diálogos, de ações e peripécias, antes utilizados em poucas criações. Cito a experiência midiática da cantora Lana del Rey, em seu filme estilizado Trópico (2015): uma espécie de curta-metragem com a inserção de três videoclipes, que podem ser visualizados separadamente ou inclusos dentro da lógica narrativa do filme. Contextualizo esta abordagem nos escritos de Henry Jenkins e Carol Vernalis, principalmente por verificarem na plataforma midiática youtube um canal que possibilitou uma certa liberdade na composição de videoclipes, outrora estruturados tendo como formato, o fluxo televisivo. Portanto, o objetivo deste estudo é discutir as aproximações que articulam as linguagens do videoclipe e do cinema, apontando para questões ligadas as narrativas em videoclipes. A luz dos pensamentos de David Bordwell, Andre Gaudreault e Michel Chion intenta-se traçar um diálogo teórico, cujo propósito é perceber como preceitos da narrativa cinematográfica começam a serem estruturantes em abordagens de natureza audiovisual intensamente fragmentada, como é o caso do videoclipe. Verifico várias semelhanças na obra de Xavier Dolan, tanto no diálogo que ele estabelece em seus filmes com a linguagem do videoclipe, quanto no sentido contrário, nas estruturas que ele estabelece em seus videoclipes com as pontuações clássicas da linguagem do cinema. |
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Bibliografia | ALEXANDER, Bryan. The new digital storytelling: creating narratives with nem media. Santa Barbara, Parecer, 2011. |