ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Registros híbridos:uma análise dos filmes O Som ao Redor e Recife Frio |
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Autor | Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz |
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Resumo Expandido | O ensejo deste trabalho é o de analisar os filmes “O Som ao Redor” e “Recife Frio”, do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, na tentativa de acrescentar um comentário crítico, ao tempo em que nos somamos à conclamação geral, no Brasil e fora, das opiniões a seu respeito. Neste sentido, partiremos da seguinte indagação: dada a aparente simplicidade dos filmes, como eles conseguiram criar uma recepção\espectoraliedade tão intensa? Mesmo acreditando ser impraticável a separação entre forma e conteúdo, intentamos realizar a análise dos filmes em duas partes distintas: a primeira centrar--se-á na concepção narrativa do filme, contemplando uma das características formais e/ou estruturais da obra; tratar-se-á, assim, da escolha do diretor por dois tipos de registro, digamos, qualitativos, no modo de tratamento da opção narrativa: um relacionado ao documental, e o outro à dimensão diegético-narrativa da obra, ou seja, vinculada à matéria narrada, à história propriamente dita, concatenada através de um enredo. Já na segunda parte, focalizaremos a questão do crescimento urbanístico desenfreado da cidade representada nos filmes, com os consequentes problemas sociais e humanos associados a ele. Ressaltando que, na cidade do Recife, cenário e paisagem das duas produções, as leis e as normativas municipais de construção urbanística negam a necessidade integradora dos espaços públicos e privados e estimulam e autorizam uma forma segregadora de se construir a cidade. Os filmes “Recife Frio” e “O Som ao Redor” tanto abordam este descompasso urbanístico que realmente ocorre na cidade, quanto apresentam suas consequências e tensões sociais derivadas desse descompasso. Os problemas urbanos passam assim a serem protagonistas nesses enredos. A segregação espacial exposta nos filmes Som ao Redor e Recife Frio, suas tensões e narrativas, expõe a fragilidade dos seus personagens, habitantes e usuários de um espaço que foi moldado para possuir uma arquitetura separada por muros, que alimenta diferenças sociais e não fortalece as semelhanças, que induz à locomoção automotiva e à especulação imobiliária, e que pouco resta como elemento comum e de possível identidade urbana e humana. Assim, através deste trabalho, realiza-se uma abordagem dos dois filmes ,produzidos respectivamente em 2009 e em 2013, os quais expõem a problemática da transformação urbana da cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco, na região Nordeste do Brasil. Deste modo, nossa análise objetivará nos filmes a construção de suas estruturas narrativas, assim como a proposta de seu conteúdo representacional, afirmando, deste modo, o diálogo entre o cinema e a arquitetura da cidade. Outrossim, afirmamos o ponto de vista de que se trata de obras que miscigenam os gêneros ficcional e documental de forma bastante original e criativa. Por fim, observamos que os filmes receberam vários prêmios e menções honrosas em diversos festivais de cinema, tornando-se representativos de uma marcante estética associada aos filmes realizados no cerne do dito Cinema Pernambucano, o qual tem se colocado de grande importância no conjunto do Cinema Brasileiro nas últimas três décadas. |
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Bibliografia | Aumont, Jacques e outros. A Estética do Filme, Papirus Editora, Campinas-SP, 1994 |