ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Curadoria da perspectiva das mulheres |
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Autor | Amaranta Cesar |
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Resumo Expandido | Curadoria da perspectiva das mulheres: posicionamento de gênero como práxis crítica Minha intenção é apresentar um testemunho sobre uma experiência de curadoria e programação em cinema, em um festival de documentários, o CachoeiraDoc, que acontece há 7 anos, em Cachoeira, no interior da Bahia, longe, portanto, dos circuitos hegemônicos do cinema brasileiro. É exatamente em razão dessa sua condição periférica que se abre ali um campo de experimentação em que se pode inventar um festival de cinema como lugar de imaginação política e exercitar a curadoria e programação como uma práxis crítica. Neste contexto, temos tentado responder à interpelação dos diversos sujeitos históricos que se põem hoje a filmar, experimentando um modo de curar e programar filmes por radiestesia, ou seja, tentando desenvolver uma sensibilidade para reconhecer as vibrações e sinais de vida seja na superfície ou no fundo das imagens, oferecendo para elas um lugar de existência e amplificação. A experiência que pretendo apresentar diz respeito à decisão de lidar frontalmente com “a negligência crítica” em relação aos filmes realizados por mulheres no Brasil (MAIA, 2015) e a sua frágil presença nos circuitos de difusão, especialmente nos festivais de cinema. Ao constatar a atuação majoritária dos homens nas instâncias de curadoria e programação dos principais eventos brasileiros, consideramos assumir uma tarefa crítica perspectivada, no intento de testar em que medida tal procedimento pode ser tomado como um meio de fazer face ao lugar minoritário das realizadoras mulheres nesses espaços e, especialmente, à invisibilidade das realizadoras negras e indígenas. Propusemos, então, realizar uma curadoria da perspectiva das mulheres que implicou em apostar em um exercício curatorial para o qual o juízo estético esteve associado, e em alguns momentos mesmo submetido, ao princípio do reconhecimento (BUTLER, 2015). Presumo que este percurso, orientado pela franca adoção de um posicionamento de gênero como postura crítica, pode nos conduzir a uma revigorada articulação entre as questões e noções de gênero e o cinema em seus modos de agenciamento de visibilidades e apagamentos. |
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Bibliografia | BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo. Crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. Tradução: Rogério Bettoni. |