ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Entre lá e cá, experiências transatlânticas |
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Autor | Henri Arraes de Alencar Gervaiseau |
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Resumo Expandido | Pretendo dar continuidade, nesta comunicação, a reflexão desenvolvida em anos anteriores a partir das minhas investigações acerca do documentário como meio de expressão da experiência do deslocamento. Neste ano, centrarei o meu foco em filmes que tematizam experiências heterogêneas de deslocamento envolvendo o espaço transatlântico. Buscarei discutir, em cada caso, as estratégias de registro escolhidas bem como os modos privilegiados de composição dos materiais na montagem para dar conta das vivências sócio-históricas evocadas. Para além da diversidade de abordagem dos filmes que todos trabalham de um modo ou de outro, uma questão central: a intrincada e sofrida relação existente entre deslocamento de um território e o sentimento de pertencimento a uma comunidade. Efetivamente a terra de origem, o território que circunscreve a existência de um grupo é um termo de referência central pelo qual se define o pertencimento e a própria existência de qualquer ser humano. Em Lost, lost, lost (1976, 178mn), Jonas Mekas, a seu singular modo narra a sua dolorida experiência de exílio, mas também de busca do estabelecimento de novos laços de pertencimento no novo território. Ori (1989, 100mn ) de Raquel Gerber mostra a busca da construção de novos espaços simultaneamente concretos e simbólicos de pertencimento por parte de afrodescendentes brasileiros de escravidão transatlântica. A questão do retorno ao território natal ou ao território de origem dos ancestrais, central para o que poderia constituir uma antropologia contemporânea dos deslocamentos transnacionais, encontra-se no centro de dois outros filmes cuja abordagem pretendemos também discutir: O reino do dia (1967, 118 mn) de Pierre Perrault. Em Notícias de casa (1977, 88mn) de Chantal Akerman, ressalta a distância entre o invisível lado de lá, do oceano, de onde vem o verbo, e onde se encontra a casa, e o lado de cá, lentamente observado da cidade grande do novo mundo, onde o sujeito enunciador, em ultima instância, para ver, se cala. Este é o corpus de filme que pretendo, na minha comunicação, abordar. |
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Bibliografia | Certeau, Michel: L'actif et le passif des appartennances, Revue Esprit, Juin 1985, p.155-172. |