ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Teoria experimental na obra de Arthur Omar. Antropolgia Estética |
|
Autor | Ivana Bentes |
|
Resumo Expandido | Uma apresentação das teorias cinematográficas e fotográficas propostas por Arthur Omar a partir de textos, manifestos, ensaios que acompanham seus filmes, séries fotográficas e livros. Tendo como ponto de partida o ensaio “O Anti-Documentário Provisoriamente (1972) e o filme-experimento CONGO para chegar na elaboração de uma teoria fotográfica radical no livro “Antes de Ver: Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção (2015). Nessa trajetória singular uma questão se impõe: a noção de sujeito e objeto no documentário, na antropologia e nos processos estéticos e algumas proposições: é possível transformar o filme em um “objeto ritual”? Como a fotografia pode capturar as próprias “condições perceptivas do sujeito fotografante”?; Como “entrar em fase” com os objetos? Passando do cinema a fotografia e vice-versa, perseguindo as condições de possibilidade do ato fotográfico e cinematográfico, Arthur Omar constrói ao longo de mais de 40 anos uma obra de objetos-experimentos: os anti-documentários e as “desmontagens” e hiperlinks de Triste Trópicos; os rostos da Antropologia da Face Gloriosa”; as imagens em dissolução em instalações e obras que expressam o êxtase; um “pensamento do homem do rio” conectado com as paisagens da Amazônia tematizadas no livro O Esplendor dos Contrários e por fim, a dissolução dos objetos no livro-ensaio “Antes de Ver” em que as imagens já não tem referentes. Na sua trajetória, Arthur Omar atravessa o campo do cinema experimental dos anos 70, a videoarte nos anos 80 com reflexões sobre a “natureza” do vídeo, as instalações fotográficas e audiovisuais produzindo uma ampla reflexão que se constitui como uma teoria em ato que produz experimentos estéticos-teóricos. Há também nos filmes e textos uma provocação metodológica. “Questões de método” aparecem em cada obra-experimento. A proposta desta apresentação é conectar algumas dessas questões presentes na obra/teoria de Arthur Omar com as questões do presente: Como lidar com a alteridade? Como as linguagens estéticas nos colocam em experiências/experimentos de empatia, conexão, tensão com o outro social, político. O que a linguagem e a estética nos ensinam sobre essas relações. Por que elaborar proposições teóricas a cada obra? Por que cada obra de Arthur Omar se pretende um dispositivo, não simplesmente uma obra conceitual, mas um experimento e um processo indissociáveis da obra, como “o pensamento do homem do rio” que cola na paisagem e entra em fluxo com ela. Os textos que tomamos como base para fazer esse percurso são os textos de Arthur Omar que acompanham a realização de um conjunto de obras: “O Anti-Documentário Provisoriamente” (1972), que acompanha o filme-experimento CONGO; os ensaios “O que são faces gloriosas?”, “Teatro de Operações”, ”Foto-gnose” que acompanham a série fotográfica “Antropologia da Face Gloriosa” (1997); os textos do livro “O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia” (1999) que produzem uma autoteoria (autoetnografia) sobre seu processo de criação; “Dante nas Águas”, aforismas em “O Esplendor dos Contrários: aventuras da cor caminhando sobre as águas do rio Amazonas” (2002); “Sobre este Livro” introdução a “Viagem ao Afeganistão” (2010); e os ensaios de “Antes de Ver: Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção” (2014). Neste conjunto de textos temos uma forte problematização do estatuto das imagens e a simulação e experimentação de teorias disruptivas: antropologia gloriosa, antropologia projetiva, antropologia instantânea que problematizam as certezas do visível ao perguntar sobre as condições perceptivas do sujeito, sobre a fatura das imagens e o que afinal há antes do ver? |
|
Bibliografia | AUMONT, Jacques. As Teorias dos Cineastas, São Paulo: Papirus Editora. 2002 |