ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | O PASSADO, ESTE PAÍS ESTRANGEIRO |
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Autor | Maria do Carmo de Siqueira Nino |
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Resumo Expandido | Casados há 45 anos e sem filhos, ambos aposentados, felicidade tranquila de classe média. O espaço interior da casa, sua mobília e adereços sabiamente dispostos, envolta em convidativos campos verdejantes da pequena localidade inglesa de Norfolk. Se tece então em uma semana marcada por interlúdios, uma historia comovente sobre a ressurgência do passado em um presente que se acreditava estável, previsível, controlável. Em pleno período da semana prévia da organização para a festa da almejada comemoração das bodas, tudo vai ser abalado, irremediavelmente. Nada voltará a ser como antes. A dimensão onírica da casa aponta para o locus do sonho em seu palco mais fulgurante, metáfora de repouso, refúgio, conforto, proteção, calor humano, centro enfim de uma relação com base na familiaridade e na intimidade, como nos faz vislumbrar Bachelard. Será porém em torno de outro espaço, o sótão, o palco de onde emergirá a fissura do inquietante, dando margem para que sejam questionadas e assim reavaliadas as escolhas feitas ao longo de uma existência, e do status quo dos desejos mais profundos que passam a atormentar o presente. Nesta historia filmada em 2015 pelo diretor britânico Andrew Haigh a partir de um conto de David Constantine, a narrativa, nunca autoconsciente, é direcionada para os personagens, filmados em confronto errático com estes espaços que os circundam, abalados por um súbito fantasma do passado, pouco abaixo da superfície. Propomos então para este filme uma leitura bachelardiana, pois em um autor para quem o ato de habitar reveste-se de valores inconscientes, que o inconsciente não esquece jamais, o drama interior dos personagens, encontra na metáfora espacial da casa uma via de acesso para nossas problematizações. |
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Bibliografia | • BACHELARD, G., La poétique de l'espace, Paris, PUF, (1957) 1994. |