ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | AFETOS ANALÓGICOS O SUPER 8 EM ELENA E ADIEU MONDE |
|
Autor | Barbara Bergamaschi Novaes |
|
Resumo Expandido | Em “Afetos Analógicos”, iremos observar como o uso das estéticas do analógico VHS e Super 8 nos filmes Elena (2012) de Petra Costa e Adieu Monde (1997) de Sandra Kogut se relacionam em especial com a memória. Em ambos os filmes as diretoras se utilizam de imagens home-movies, vídeos caseiros de arquivos pessoais, bem como de novas imagens recentes feitas com câmeras de video VHS e Super 8. Demonstraremos como a mistura de suportes fílmicos e diferentes materialidades criam obras que invocam as operações complexas da memória e convocam diferentes acepções do tempo. A imagem analógica nos filmes atua tanto como máscara mortuária, fazendo seu papel ontológico de documento, operando como arquivo, prova irrefutável de um acontecimento, um evento; mas também trabalha a serviço do sonho, da criação, da ficcionalização do real, e da realização dos desejos e devaneios de seus autores. De que modo a escolha pelo uso de uma imagem anacrônica transparece problemáticas do contemporâneo? Como o analógico pode ser vislumbrado como experiência do campo do afeto, de um desejo de memória e de presença, de outra ordem que não somente a do documental, histórico e factível? O analógico pode ser visto como um gesto autoral, performático de resistência? Afetos Analógicos” demonstramos como a materialidade das imagens analógicas podem representar as complexas operações mentais da memória, como observado por Deleuze, Bazin e Benjamin. As imagens analógicas são capazes de produzir no espectador uma experiência com o tempo, que pode ser rememorado, recriado e re-elaborado. Onde atual e virtual podem conviver em constante presentificacao e atualização no agora. Neste artigo nos concentramos em especial no pensamento de Walter Benjamin sobre a memória, a aura e a perda da experiência. Observamos também como através da materialidade do Super 8 e do VHS, a imagem pode adquirir uma condição de objeto de fetiche e invocam uma “aura” e “experiência” perdidas. Levantamos também o debate de Andreas Huyssen e Jeanne Marie Gaignben sobre o trauma na sociedade ocidental e as suas negociações entre que tipos de memória não podem ser esquecidas e quais são aquelas que precisamos esquecer, demonstrando como a obcessão com a preservação da memória e do passado são características tipicamente contemporâneas. |
|
Bibliografia | BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1984. |