ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Em mundo de telas: crítica e indústria cultural |
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Autor | Esther Hamburger |
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Resumo Expandido | O conceito de indústria cultural expressa a expansão da lógica capitalista para o campo da produção de cultura. O conceito, nos marcos da Escola de Frankfurt se relaciona à reação ao fenômeno de apoio massivo ao nazismo, que ajudou a gerar uma poderosa força nacionalista e expansionista de consequências mundiais conhecidas. O conceito foi exaustivamente criticado por sua negatividade: ele leva ao desprezo pelos produtos culturais, que reduzidos a mercadoria perdem relação com alguma esperança de transcendência associada ao julgamento estético. Outras vertentes do marxismo sugeriram abordagens diferentes para dar conta da cultura como âmbito de formação e disputa. Raymond Williams comenta a presença do drama na sociedade contemporânea de seu tempo. Na linha de Frankfurt desenvolvimentos apontaram para diferentes noções de espaço público como locus privilegiado de debate e formação de opiniões. Nesse início de milênio, telas de tamanhos diversos, situadas em plataformas móveis ou imóveis, abertas a interações mais ou menos mediadas, com segmentos diversificados de públicos, em regiões que não necessariamente correspondem a espaços geográficos contíguos, a unidades temporais, a comunidades étnicas, linguísticas, religiosas, ou definidas por traços nacionais. Telas mediam não só exibição mas também a captura e edição. Movimentos sociais, Governos, políticos, emissoras, forças sociais diversas se relacionam através das telas. A partir de análise sobre dos jogos de tela estabelecidos em torno de uma manifestação específica em que a multidão visa desestabilizar as relações entre fundo e figura no telejornal local essa apresentação problematiza as relações entre imagens em movimento em um jogo de telas e a crítica. No âmbito do pensamento pós-estruturalista, cabe resgatar nesse debate, para dar conta da potência da crítica frente à indústria cultural. Essa apresentação retoma discussão de peça pouco citada, mas que pode sugerir novos marcos para o debate sobre a crítica e a indústria cultural. Trata-se de artigo de Theodor Adorno, "A indústria cultural revisitada". Nele o pensador alemão descreve de maneira visionária o funcionamento da indústria, que se apropriou de termos da tradição clássica em oposição aos quais o pensamento modernista de autores como Bertold Brecht e Walter Benjamin se estruturou. Nesse texto, Adorno sintetiza o espírito da indústria cultural de maneira visionária. A partir dele e de sua relação ainda válida com segmentos dessa indústria, será possível imaginar uma dialética de movimento dessa indústria? Essa apresentação se dedica a especular sobre a possibilidade de que a indústria tenha movimento próprio, gerado por contradições internas e por tensões com outras forças e que essas tensões geram desdobramentos transnacionais ao longo do século XX e no início do século XXI. Como as categorias de gênero, classe, geração e raça se definem e re-definem no interior desse movimento? O que os produtos da indústria cultural podem sugerir sobre eles mesmos e seu movimento? Como a noção de espetáculo cunhada por Guy Debord se relaciona à indústria cultural? De que maneira movimentos sociais se apropriam de repertórios cinematográficos para construir narrativas que ganham telas ao redor do globo? Como convergência e divergência se relacionam em circuitos que conectam e diferenciam telas? Qual a potência da crítica em um mundo de telas? |
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Bibliografia | Adorno, Theodor W. 1975. "Culture industry reconsidered." New German Critique n. 6. |