ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Iracema, Cinema e Colonização Amazônica |
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Autor | Claudio Aurelio Leal Dias Filho |
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Resumo Expandido | Esse trabalho objetivou analisar como o fluxo emigratório para a Amazônia, nos anos 70, foi transformado em narrativa pelo filme Iracema - Uma Transa Amazônica. A representação da identidade cultural e os conflitos e choques ocorridos dentro desse processo, que marcou a história contemporânea do Brasil, foi o enfoque central da análise fílmica. Procuramos destacar os conflitos culturais presentes na película assinada por Jorge Bodanzky e Orlando Senna durante a ditadura militar, mais especificamente, os desdobramentos advindos do Programa de Integração Nacional (PIN), lançado pela ditadura militar em 1970, bem como do seu papel na sociedade brasileira através dos discursos veiculados tanto pela ditadura, quanto pela película. Iracema - Uma transa Amazônica é um referencial na produção cinematográfica brasileira, contribuindo fortemente para a construção iconográfica do imaginário da Amazônia que surge a partir dos anos 1970. É justamente nesse momento que as cidades da região passam a ter uma grande concentração urbana, integrando-se objetivamente à lógica de consolidação do processo de urbanização e de uma sociedade complexa, diversificada, contraditória e desigual, em sua dimensão social, cultural, econômica etc. O cinema nacional registrou os conflitos gerados, através de histórias ficcionais e documentais ou doc-ficcionais como: Avaeté a Semente da Vingança, dirigido por Zelito Viana (1985) e Bye Bye Brasil (1980), do diretor Carlos Diegues. A película aqui analisada mescla roteiro ficcional com depoimentos de populares que estavam vivendo aquele momento histórico. O filme foi produzido, ainda durante o processo ao qual se refere, teve a própria região amazônica como cenário o que torna o filme também um documento audiovisual do período histórico a que faz referência.Nos anos 1970, quando o “sul” do Brasil “redescobre” a Amazônia ocorre um abrupto conflito entre o “arcaico” e o “moderno”, transformando a região em um importante cenário para problematizar as contradições do Brasil. A pesquisa sobre a produção cinematográfica, relacionada ao processo de ocupação da Amazônia, pode propiciar uma reflexão sobre a construção da identidade nacional e os processos de transformações recentes. Assim, o cinema, além de uma produção estético-artística representa também o papel de um documento histórico. Através da análise que nos propusemos a realizar, pretendemos oferecer um melhor entendimento do discurso produzido naquele período, levantando questões sobre o papel desempenhado pelo cinema como produção de uma narrativa que reproduz e contrapõe determinados valores e atitudes culturalmente vigentes na sociedade. No decorrer da análise, buscamos trazer a compreensão das questões socioculturais como o hibridismo cultural e a miscigenação, vivenciados também em outras regiões, mas que, naquele momento histórico da Amazônia, ganhou contornos determinantes na reconstrução de um imaginário de identidades em transformação. A partir de choques culturais, intensificados com os processos de globalização e expansão dos mercados internacionais, somados às necessidades ambientais, muitas vezes conflitantes com os interesses econômicos e políticos, temos a Amazônia como ambiente profundamente transformado pelas mudanças econômicas planejadas para esse território.A análise do filme apresentamos o diálogo entre autores, como Nestor Canclini, Sergei Gruzinsk, Robert Stam, a respeito do que pensam sobre os processos de encontros e conflitos culturais a partir do contexto sócio-histórico em que o filme foi produzido e das representações dos processos de conflitos culturais retratados na película. A análise possui o objetivo de relacionar a construção estética do filme; os pontos e contrapontos que o filme traz para o debate possibilitam um melhor entendimento da cultura vigente no período em que foi produzido. |
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Bibliografia | ALENCAR, José. Iracema. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1965. |