ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | O pictórico presente no cinema de Jean-Luc Godard |
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Autor | Veruza de Morais Ferreira |
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Resumo Expandido | Este artigo apresenta as fortes características representativas do uso da cor por Jean-Luc Godard em sua filmografia. Discutiremos de que modo Jean-Luc Godard estabelece, nas obras, uma trama poética, significativa de relações entre cinema e pintura. O propósito central do artigo é refletir e analisar a aplicabilidade de elementos pictóricos como a cor e a luz, entre outros elementos plásticos e simbólicos representativos, com suas influências narrativas e estéticas na cinematografia de Jean-Luc Godard. A proposta final consiste em analisar as relações simbólicas encontradas nos filmes deste cineasta, buscando a integração com a pintura impressionista. Entende-se que esse é um exercício que possibilita novas discussões acerca da pictorialidade no cinema. Ao situar a linguagem de Godard na fronteira entre cinema e pintura, Jean-Luc Godard opta por incorporar o uso favorável do avanço tecnológico possibilitando aos seus filmes um tratamento contrário ao da opinião pública, pode, no entanto, ser considerado um “grande pintor” que construiu uma relação existente entre cinema e pintura a partir dos períodos históricos de relevância vivenciados pela pintura e pelo cinema, valendo-se das quebras ideológicas impostas pelo mercado da arte (AUMONT, 2004). O hibridismo presente na filmografia de Jean-Luc Godard está relacionado a uma estética do autor que se coloca explicitamente como uma mistura de linguagens. Godard como cineasta pode ser considerado um representante de grande relevância para o cinema considerado linguagem, por ter um trabalho autoral, experimental e organizado de forma a buscar reflexões do espectador. Entendemos que, ao nos referirmos a híbrido ou à hibridismo, essas concepções determinam algum elemento que emerge da produção entre vários e distintos elementos (presença da linguagem híbrida compreende a mistura da narrativa com a pintura, por meio de traços que materializam elementos simbólicos). No caso do cinema, técnicas cinematográficas como a luz, a impressão de movimento e a cor são tidos como elementos que são influenciados por outras linguagens como a pintura e a fotografia. A fotografia buscou superar a pintura com o seu realismo, ao passo que o cinema empenhou-se a dar dinamicidade ao que antes era estático. Em comum, essas linguagens em nenhum momento usaram da exclusão, mas sim da fusão - pintura, fotografia e cinema juntos num único propósito: a verossimilhança . O hibridismo cinematográfico resultou de procedimentos e linguagens que se entremeiam e se transfiguram para levar em conta as novas demandas (no cinema moderno, as novas demandas compreendem uma nova subjetividade individual ou coletiva), ampliando a diversidade linguística imagética. De acordo com Aumont (2004), a representação pictórica nos filmes de Jean-Luc Godard possui uma forte tendência a implicar teorias de pintor. Essa maneira pode ser observada na escolha significativa de cada cor posta por ele em sua filmografia, como um possível estudo teórico da cor em combinações precisas. Em sua maioria, a cor e a presença representativa de possíveis telas de pintores célebres são postas na análise fílmica como elementos favoráveis às representações simbólicas explícitas e intencionais. A aplicação desse princípio poético (o uso da cor) encontra-se na análise das relações simbólicas encontradas nos filmes do cineasta Jean-Luc Godard, buscando a integração com a pintura. A finalidade desse artigo é discutir analiticamente as relações híbridas encontradas na estética fílmica de Jean-Luc Godard, pensando a relação cinema e pintura, buscando refletir sobre os processos de significação possibilitados pelo uso da cor e as possíveis relações iconográficas com a pintura. . |
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Bibliografia | AUMONT, J. O olho interminável: cinema e pintura. Trad. Eloísa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac e Naify, 2004. |