ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Características do cinema musical na tevê: o caso Cheias de Charme |
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Autor | Hanna Nolasco |
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Resumo Expandido | O gênero musical, há muito presente nos palcos, chegou em Hollywood com o advento do som. A partir do desenvolvimento da tecnologia que possibilitou a sincronização entre som e imagem, na década de 1920, os filmes musicais puderam ser realizados de forma bastante exitosa na indústria. De acordo com Altman (1981), durante três décadas o musical teve mais investimento financeiro que qualquer outro gênero, e atraiu para seus filmes os mais talentosos artistas do país, dentre cantores, coreógrafos, dançarinos, diretores, etc. Desde então, esse gênero esteve presente no cenário cinematográfico não só hollywoodiano, mas mundial. O musical também migrou para outros produtos audiovisuais, e a televisão absorveu diversos tipos de produtos musicais em sua grade. Propõe-se aqui uma análise da aproximação entre cinema musical e musicais de televisão, através de um estudo de caso da telenovela Cheias de Charme. De autoria de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, esse produto foi ao ar em 2012 na Rede Globo, sendo mais recentemente reprisado no Vale a Pena Ver de Novo. O enredo girava em torno de Maria Aparecida, Maria do Rosário e Maria da Penha, três empregadas domésticas que formaram o grupo musical “Empreguetes”, que, junto a Chayene e Fabian, compuseram o elenco de personalidades musicais da trama. O fato dessa telenovela ser ancorada na temática musical e se utilizar de números musicais, videoclipes e demais estratégias colaborou para o êxito do produto. Além de serem um sucesso de público no mundo ficcional, as músicas dessa telenovela foram parodiadas, exibidas em sites de compartilhamento de vídeos e escutadas fora do contexto ficcional, assim como uma obra de artistas reais, o que expandiu o contato do telespectador com o produto. Em Cheias de Charme, a temática musical é central na construção do enredo, sendo os personagens principais cantores, e os números musicais uma constante nos capítulos. Dessa forma, considera-se que haja uma aproximação entre essa telenovela e o gênero musical cinematográfico, que se baseia na música/dança como elementos centrais, e onde “a emoção é articulada em movimento e voz, dança e canção” (GRANT, 2012, p.2). Identifica-se, em Cheias de Charme, diversos elementos do cinema musical, como por exemplo uma aproximação de uma das categorias propostas por Altman (1987) em relação aos filmes musicais da era de ouro hollywoodiana. Percebe-se aqui um paralelo entre a categoria de musical show com essa telenovela. Isso porque esse tipo de musical trata dos bastidores de algum tipo de produção, da temática da fama, os ensaios, mercado musical, dentre outras temáticas. Há também, em Cheias de Charme, outros fatores interessantes a se destacar: em relação à música, há uma amostragem de gêneros, canções e intérpretes de diversas vertentes da música brasileira, inclusive os mais populares, como o tecnobrega e o sertanejo universitário. Além disso, um diferencial do produto é a criação de canções originais. Cheias de Charme segue a contramão das tendências atuais de seleções de músicas para telenovelas, onde geralmente se seleciona uma compilação de músicas preexistentes baseando-se em uma relação econômica entre empresa televisiva e a indústria fonográfica, e traz um equilíbrio maior entre canções inéditas e compilação de músicas. Houve também nessa telenovela a participação especial de personalidades da música brasileira interpretando a si mesmos, que interagiram com os artistas ficcionais da trama como colegas de profissão. É justamente essa investigação que deseja-se aprofundar no trabalho aqui proposto. Pretende-se, a partir de bibliografia sobre o gênero musical no cinema, compreendendo autores como Altman (1981; 1987), Desser (2013), Feuer (1993; 1995), Maia e Ravazanno (2014) e Neale (2000), realizar um apanhado das características dos filmes musicais e verificar como elas se aproximam ou também se distanciam de Cheias de Charme. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick (Org.). Genre: the musical. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1981. |