ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | A voz do filme: Estudo de caso dos filmes Santiago e Pacific |
|
Autor | Laís Lima Pinho |
|
Resumo Expandido | As relações entre os cineastas e os sujeitos filmados, os processo criativos, as representações em torno do momento histórico, as condições de produção, bem como seus dispositivos e suas estratégias de abordagem são elementos fundamentais para a montagem dos filmes documentários. Segundo Nichols (1997; 2005) são estes elementos que, combinados com componentes éticos, estéticos e políticos percorrem e conduzem o processo criativo da montagem cinematográfica e, essencialmente, da construção do discurso do filme documentário: a “voz” do filme (NICHOLS: 2009). Assim, falar do outro, com o outro, através do outro e por si, utilizando elementos cinematográficos é a questão central da análise aqui proposta. Adotando o conceito de voz do documentário, que foi criado pelo pesquisador norte-americano Bill Nichols (2009), esta pesquisa busca reflexões a cerca da relação diretor – sujeito filmado e entre a montagem cinematográfica como construtora da voz do filme a partir de dois representativos da atual produção brasileira: Santiago (João Moreira Salles, 2007) e Pacific (Marcelo Pedroso, 2009). A proposta de análise comparação dos filmes Santiago e Pacific sugere a possibilidade de reflexão sobre os acordos e dissonâncias a forma de se lidar com as imagens e com a montagem, seja no (a) pelo embate com as imagens, (b) pelo fato de se tratar de imagens de arquivo e (c) serem filmes construídos especialmente na montagem. A presença do realizador em ambas experiências é, também, um tema importante e que vale a pena destacar: em Santiago a presença do diretor no filme é explicita; em Pacific, quase não se nota – de maneira efetiva – a presença de seu diretor, ele está oculto. A existência de um aspecto fundamental, associado à construção da voz no filme, é a montagem cinematográfica. A montagem pode ser entendida como o momento mas íntimo do filme com o seu autor. É durante este processo de feitura que os diretores irão intervir, se colocando de maneira direta e indireta na concepção do ponto de vista dos mesmos, suas singularidades, seus modelos e padrões, seus temas. Para Comolli o cinema é práxis no filme documentário, pode-se entender que não se trata de uma produção na qual o diretor possa ter controle total da situação. Por isso, o filme documentário está sujeito a todo tipo de interferências internas e externas, além das performances dos seus personagens – que podem levar o filme a um outro rumo totalmente desconhecido pelo seu diretor – é preciso que o diretor, mediante as mais variadas circunstâncias, diálogos e influências esteja desprendido de sua ideia inicial e disposto a se “desprogramar” para que possa realizar o filme. Diante disso, nossa intenção nessa comunicação é entender de que forma se dá o desenvolvimento da construção da voz do filme, tendo enfoque no processo criativo de montagem dos mesmo. Esta pesquisa se encontra em fase de desenvolvimento, para tanto utilizaremos as contribuições teóricas dos autores Bill Nichols, Jean-Louis Comolli, Ilana Feldman e David Bordwell. |
|
Bibliografia | BERNARDET, Jean – Claude. Cineastas e Imagens do povo / Jean – Claude Berdardet – São Paulo : Companhia das Letras, 2003. |