ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Nas trilhas do desejo: ciência, educação e arte em "A pele que habito" |
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Autor | ANA LUCIA DE ALMEIDA SOUTTO MAYOR |
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Resumo Expandido | A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio compreende, à luz dos princípios da politecnia, que o processo de desenvolvimento educacional pressupõe o acesso integrado aos domínios do trabalho, da ciência e da cultura. O currículo dos estudantes prevê o "Programa Trabalho, Ciência e Cultura", voltado para a consolidação da pesquisa como elemento central para a formação humana, estimulando os jovens a serem produtores de conhecimento, por meio da elaboração de uma monografia de final de curso, permitindo ao aluno desenvolver a pesquisa de um tema de interesse próprio, vivenciando todas as etapas de construção de um texto científico. Problematizar as relações entre processos de iniciação científica e linguagens de arte implica colocar em xeque o pensamento e a criação como elementos decisivos em ambas as esferas do conhecimento humano. Interessa-me pensar como a arte contribui para instigar e desafiar o pensamento científico, à luz da premissa de que ela, em razão de desestabilizar a percepção, pelo estranhamento provocado pelos objetos estéticos, é um vetor potente de estímulo à indagação, à imaginação e à criação humanas. Para refletir sobre essas questões, do ponto de vista conceitual, discutirei as contribuições de três filósofos - Gaston Bachelard, Gilles Deleuze e Félix Guattari -, cujas reflexões apontam para uma discussão acerca da natureza do pensamento científico, do papel do obstáculo e do problema nas investigações científicas (Bachelard) e para a dimensão criadora na filosofia, na ciência e nas artes (Deleuze e Guattari). O conceito de obstáculo assume uma importância capital na construção do pensamento bachelardiano, na medida em que, segundo o filósofo, o obstáculo se apresenta não como um elemento exterior ao processo de construção do conhecimento, mas como algo intrínseco ao ato de descobrir, de conhecer: "O real nunca é "o que se poderia achar" mas é sempre o que se deveria ter pensado. (...) No fundo, o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização." (BACHELARD, 1996, p.11) Como o obstáculo, o conceito de problema também encontra, no pensamento de Bachelard, uma decisiva relevância. Estranhar fatos, desconfiar de verdades, por em xeque o estabelecido: eis os desafios primeiros de um olhar científico sobre o mundo. Nas palavras do filósofo, "é justamente esse sentido do problema que caracteriza o verdadeiro espírito científico. Para o espírito científico, todo conhecimento é reposta a uma pergunta. Se não há pergunta, não pode haver conhecimento científico. Nada é evidente. Nada é gratuito. Tudo é construído. (BACHELARD, 1996, p.18) Ao lado da dimensão criativa do pensamento filosófico, Deleuze e Guattari enfatizam a presença do exercício do pensamento não somente no âmbito da filosofia, mas também em outros domínios do conhecimento humano: "o pensamento não é um privilégio da filosofia: filósofos, cientistas, artistas são antes de tudo pensadores." (MACHADO, 2009, p.13). Filosofia como potência criadora; ciência e arte como potências do pensamento: convergências epistemológicas, resguardando singularidades e funções de cada um desses domínios. Para além das convergências, possibilidades de tangenciamentos provocadores entre filosofia, arte e ciência, justapondo criação e pensamento. Do ponto de vista metodológico, para examinar a análise realizada nesta monografia, este estudo utiliza dois caminhos: em relação ao texto do estudante, elementos da Análise do Discurso, tais como as marcas da enunciação no enunciado e a tematização. No que diz respeito à análise da sequência de "A pele que habito", foi adotada a perspectiva metodólogica de análise fílmica proposta por Alain Bergala (2008), em que o autor recomenda a leitura de "fragmentos fílmicos", de modo a introduzir os estudantes na discussão de aspectos estéticos e temáticos das narrativas analisadas. |
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Bibliografia | REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: |