ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Interseções entre o cinema e a videoarte feita em Pernambuco |
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Autor | Maria da Conceição Fontoura de Paula Cardoso |
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Resumo Expandido | Pernambuco se tornou um estado onde as produções cinematográficas se tornaram verdadeiros acontecimentos, uma produção de cada vez maior potencial artístico, qualidade técnica e comercial. Ao mesmo tempo, nesse mesmo espaço geográfico é onde se encontram grandes artistas visuais como Paulo Bruscky, Jomard Muniz de Britto, entre outros. Claramente numa relação de forças - talvez motivadas pelo sistema econômico das artes - a visibilidade dos artistas visuais não é tão “visível” quanto a de cineastas, mas não por isso que essas produções deixaram de se influenciar mutuamente. Em algumas produções recentes, podemos perceber o início de uma convergência dessas formas em obras, o que gera um debate sobre os caminhos e novas possibilidades de produção audiovisual local. Este anteprojeto propõe uma pesquisa que investigue o resultado dessas convergências em obras do cinema feito em Pernambuco e seus impactos nos modelos de produção das mesmas. Partir para investigar o “entre” seria, de certa maneira, se aproximar da perspectiva de ir além da forma fílmica proposta pelo cinema de narrativa clássica, e seguir no desejo de romper subjetivamente com esse sistema de arte industrial do cinema, consequentemente implicando em descobrir os novos modos de produção. Então, para esta proposta de pesquisa, essa disposição é um um gesto divergente, dissonante, de diferenciação, algo que guarda um componente que se atualiza, uma necessidade de sair desse lugar padrão do cinema, lugar de estruturas fixadas e confortáveis. Raymond Bellour acredita que o vídeo deve ser compreendido como “um lugar de passagem e um sistema de transformação das imagens umas nas outras” (BELLOUR, 1997, p 17). Em Cinema, Vídeo e Godard (DUBOIS, 2004, p 16), Arlindo Machado, na apresentação do livro, nos instiga a pensar sobre o vídeo em relação ao cinema a partir de uma proposta de Dubois: “o vídeo poderia ser encarado já não mais como uma maneira de registrar e narrar, mas como um pensamento, um modo de pensar.” Nesse sentido, visualizo nas obras que compõem meu corpus de pesquisa, o transbordamento da narrativa, não preocupado em enclausuramentos de formas pré-definidas, sendo a forma o movimento do pensamento de seus autores. Por isso, intuo esse lugar do “entre”, da “interseção”, para essas obras e procuro uma outra forma de me relacionar com elas, entendendo suas características de transbordamento da narrativa clássica como tentativa de ir além da necessidade de transmissão de saberes: “Hipótese de que as imagens não devem sua eficácia apenas a transmissão de saberes – visíveis, legíveis ou invisíveis – mas que sua eficácia , ao contrário, atua constantemente nos entrelaçamentos ou mesmo no imbróglio de saberes transmitidos e deslocados, de não saberes produzidos e transformados” (HUBERMAN. 2013, p. 23.) Buscando obras audiovisuais que caminhem no “entre”, ou seja, nessa interseção entre o cinema e o videoarte, selecionei obras que caminhassem de ambos os espaços de produção para esta convergência . Ou seja, escolhi duas obras de realizadores consagrados enquanto cineastas - “Brasil S/A” de Marcelo Pedroso, “Super Barroco” de Renata Pinheiro -, e duas obras de realizadores consagrados enquanto artistas visuais - “O Peixe” de Jonathas de Andrade e “Encantada” de Lia Letícia. Sendo este o corpus inicial, durante a pesquisa mantém o potencial em chegar a outras obras. Trabalhando com a convergência tanto dos realizadores quanto de suas obras para as interseções entre cinema e videoarte, pretendo nortear essa pesquisa com as seguintes perguntas: quais tipos de investigação estética e narrativas levam tais realizadores para o espaço do “entre”? Quais os impactos dessas investigações nos métodos de produção das obras? |
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Bibliografia | BELLOUR, Raymond. Entre imagens. Campinas. São Paulo: Papirus. 1997. |