ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Etnografia Visual Corpórea... algumas reflexões |
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Autor | Sílvia Aguiar Carneiro Martins |
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Resumo Expandido | Através de etnografias visuais realizadas entre diferentes contextos de práticas rituais de religiões ayahausqueiras, que resultaram na produção de cinco filmes etnográficos, proponho realizar uma abordagem reflexiva sobre as representações do corpo e experiências sensoriais reveladas nesses filmes. Antropólogos visuais constatam que no contexto da prática etnográfica visual a subjetividade dos realizadores está presente em seus registros e produções (PINK, 2004, MACDOUGALL, 2006, HENLEY, s/d), Pink (2005, p.18) chama atenção que “etnografia é um processo de criação e representação de conhecimento (sobre sociedade, cultura, indivíduos) que é baseado nas próprias experiências do etnógrafo”, por isso é fundamental considerar a reflexividade. Daí questiono: Como foram representados dentro da linguagem fílmica os contextos de práticas rituais em que a pesquisadora e os participantes pesquisados compartilharam experiências corporalizadas vivenciadas através de usos de diferentes enteógenos? Settings de práticas de religiões ayahuasqueiras foram cenários de realização de etnografias visuais. Na Igreja Flor da Montanha (em Lumiar, N. Friburgo/RJ) onde há ambiente que agrega duas religiões, Santo Daime e Umbanda, os filmes “Hans Saudando Ogum” (2012) e “Paricá... rapé...” (2012) foram produzidos. Em Japaratinga, Alagoas, no Núcleo Flor de Jasmim, foi realizada etnografia visual que possibilitou a edição do “Escutando o Coração das Coisas” (2011) onde índios, suíços, brasileiros, dentro de contexto ritual do Centro de Harmonização Interior Essência Divina e workshop do psiquiatra suíço Samuel Widmer, são representados, compartilhando suas experiências de êxtase com ayahuasca. Em dois filmes, com imagens registradas na Holanda, focalizo um ritual de Concentração do Santo Daime na Igreja Ceu dos Ventos (em Den Haag) ao mesmo tempo que Patricia me explica em sua casa sobre a Umbanda (Lotus Patricia no Ceu dos Ventos [2013]) e em Oss, Thijs explica suas experiências com enteógenos e particularmente com a Cannabis (Andando com Thijs [2013]). Pretendo discutir como esses filmes se caracterizam enquanto etnografia visual (PINK, 2004), filme etnográfico (MACDOUGALL, 2006, HENLEY, s/d) e etnografia científica (GRIMSHAW, 2001), uma vez que são produções marcadas pela apresentação de dados etnográficos visuais reunidos a partir da pesquisa de campo. Também proponho fazer considerações sobre a etnograficidade das imagens contidas neles, refletindo como são representações que estão situadas, interpretadas e usadas “...para evocar significados e conhecimento que são de interesses etnográficos” (PINK, 2004 p.18). Os filmes etnográficos serão analisados visando abordar considerações reflexivas sobre a contextualização das imagens registradas e utilizadas para edição, e ainda sobre como são neles representadas percepções e experiências sensoriais dentro da realização de etnografia visual corpórea. |
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Bibliografia | GRIMSHAW, A. The Ethnographer’s eye. Ways of seeing in Anthropology. University of Cambridge Press, 2001 |