ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Ancestralidade e Memória na construção identitária no documentário |
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Autor | Guilherme Rezende Landim |
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Resumo Expandido | No que tange ao universo da representação do visível, por meio dos preceitos metodológicos de Claudine de France, propõe-se nesta pesquisa uma metodologia que compreenda observação direta, enquete oral, observação fílmica e observação diferida (FRANCE, 1998, p. 14), além dos relatos da pesquisa de campo e da análise de arquivos. Na medida em que “descrever o real consiste em definir como objetivo – ou por atitude metodológica – o descobrimento progressivo dos mínimos aspectos do sensível” (FRANCE, 1998, p. 13), propõe-se realizar a análise do processo de um filme exploratório, no qual a equipe cinematográfica, realiza uma imersão em campo, por meio de suas apreensões (anotações, discurso oral do ator social, registro e observação fílmica) a respeito do Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva. Trata-se de um grupo musical de raiz que atualmente conta com 19 integrantes, homens e mulheres negros(as), sendo a maior parte deles(as) com mais de 60 anos. O Batuque foi criado e dirigido por Nelson Silva, com a ideia de formar um conjunto que tivesse função sociocultural em favor das manifestações do negro em Juiz de Fora (MG). O repertório de mais de 80 letras e arranjos musicais (sambas, lamentos, batuques, canções, toadas, maculelês e hinos) foi composto por Nelson Silva, sendo que há uma forte relação das músicas com a história da população negra em Juiz de Fora. A música é um forte elo entre as pessoas do grupo, que encontram-se todas as terças-feiras para ensaiar. Perguntas semiestruturadas, foram realizadas e filmadas com os integrantes do Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva entre Julho e Setembro de 2016, remetendo principalmente a esta forma de expressão do grupo, a qual exerce em suas vidas um modo de se relacionar com o mundo, envolto por sua espiritualidade, devido à sua ligação com o catolicismo e com as religiões de matriz africana, além de remeter à ancestralidade de cada integrante, como afirma um deles "Todo o conhecimento musical que eu tenho começou aqui no Batuque. Na época também com o padre Sérgio Moreira na Catedral: A primeira missa que eu cantei com o coral foi com o Batuque Afro-brasileiro e aí passei a gostar muito, ao ver as histórias e passei a prestar bem atenção. O Batuque foi uma abertura musical pra mim" (MOTA, 2016). A partir da afirmação do atual regente do grupo e das observações de campo, infere-se o fato de que a música perpasse a noção de identidade e memória de cada batuqueiro(a). Influências como o samba, a seresta, o tambor mineiro, o jongo dentre outros estilos musicais são recorrentes nos relatos das entrevistas, nas observações de campo e nas pesquisas em arquivos. Cada integrante traz elementos de suas vivências musicais para o grupo, e nos ensaios aprendem novos estilos e reconfiguram estas influências. Nas incursões em institutos de pesquisas, museus, arquivos, centros de memória e outros acervos, como os pessoais, observa-se que o registro que se tem do Batuque Afrobrasileiro de Nelson Silva encontra-se puído, esparso, mal distribuído, sem um locus, onde se tenham informações do grupo reunidas e organizadas. A qualidade dos áudios e vídeos é precária, grande parte dos acervos fotográficos e outros conteúdos estão guardados, esquecidos ou mesmo perdidos por integrantes do grupo. Dessa forma, visa-se com a pesquisa em questão compreender o conjunto dessas memórias esparsas junto aos relatos do grupo, por meio do filme, como constituição de uma narrativa para construção identitária do grupo, tendo em vista alguns questionamentos: Como se apresentam para o público e para a equipe do filme? Como se veem? Quais as características mais marcantes de sua descrição? Quais as relações entre a origem do grupo e seu período atual? Quais são as identificações dos atuais integrantes com o Nelson Silva? Como o descrevem? Como criam uma identidade de herança negra? Como as memórias e estórias contribuem para a construção de uma identidade social e social e cultural coletiva? |
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Bibliografia | BAMBA, Mahomed. Jean Rouch: cineasta africanista? DEVIRES, Belo Horizonte, V. 6, N. |