ISBN: 978-85-63552-24-2
Título | Tarantino: entre a intertextualidade e a pós-modernidade |
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Autor | Fabíola Paes de Almeida Tarapanoff |
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Resumo Expandido | Sangue que explode nas telas, referências ao universo pop e a outros filmes, humor e violência. O cinema de Quentin Tarantino apresenta essas características, sendo uma das mais fortes a intertextualidade. Sempre presente na linguagem do cinema, desde os tempos do cinema mudo, a intertextualidade volta com força ao cinema devido ao aumento de possibilidades proporcionadas pelas novas tecnologias digitais. O objetivo do artigo é mostrar como Tarantino utiliza a metaficção como forma de parodiar obras do passado, seguindo a noção de paródia desenvolvida por Linda Hutcheon. Tarantino parte de histórias e técnicas presentes em outros filmes e marca diferenças e distância. Essa tarefa pode ser englobada sob a noção ampla de paródia, na perspectiva desenvolvida por Linda Hutcheon. Para Hutcheon, a paródia é uma das formas mais importantes da autoreflexividade. Ela amplia o significado da paródia, desvinculando-o da companhia obrigatória do cômico e do riso. Para a autora, nem toda paródia é ridicularizadora, nem toda referência a um texto anterior é uma paródia, como pode-se observar nos conceitos de imitação, citação e pastiche. Diferente da citação, a paródia trabalha tanto no nível da obra a ser parodiada quanto no do código que utiliza a paródia. Portanto existem dois textos "em jogo", o citado e o contraponto irônico. Lúdicos, os filmes de Tarantino adotam essa postura em relação ao cinema de passado e a si mesmos. É interessante notar essa intertextualidade na saída noturna de Vincent (John Travolta) e Mia (Uma Thurman) em "Pulp Fiction", que reúne a metaficção genérica do ambiente retrô, cheio de citações do cinema e de música do passado, além de considerar o fato de o próprio Travolta ter uma história relacionada a musicais como "Os embalados de sábado à noite" e "Grease". O contraponto é conferido pelo realismo da conversa do casal, construída com digressões dos personagens e tempos mortos. Além disso, o cineasta identifica-se com a pós-modernidade devido a algumas características: as cenas do cotidiano, como já foi citado, os momentos "exploitation" e o jogo. Oscilante, o cinema de Tarantino surge da variação entre esses três modos de representação que implicam notórias mudanças de tom e provocam reações de natureza diversa no espectador, como o horror, o riso e a cumplicidade. Os "exploitation films" eram produções independentes americanas de baixo orçamento das décadas de 1950, 1960 e 1970, que atraíam o público com doses maiores de violência e sexo que as mostradas pela indústria Hollywood. De certa maneira, Tarantino efetuou com os "exploitation" uma reapropriação similar à realizada por Truffaut e Godard com o cinema de gênero americano, em particular com a série B. Os objetos de estudo são as obras "Pulp Fiction" e "Kill bill" e os procedimentos metodológicos incluem levantamento bibliográfico, realização de entrevistas, análise em profundidade das obras citadas. O referencial teórico inclui autores como Edgar Morin, Linda Huchteon, Tom Gunning, Sergei Eisenstein, Douglas Kellner, Patrick Charaudeau, Lev Manovich, Lúcia Santaella e Mauro Baptista. |
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Bibliografia | BAPTISTA, Mauro. "O cinema de Quentin Tarantino." São Paulo: Papirus, 2010. |