ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Identidade e Humanismo: ecos do projeto "Os Gigantes do Douro". |
|
Autor | Mariana Veiga Copertino Ferreira da Silva |
|
Resumo Expandido | Durante sua carreira cinematográfica, Manoel de Oliveira teve alguns de seus projetos engavetados, sobretudos os que foram argumentados nas primeiras décadas de sua produção; dentre os quais destaca-se o projeto Os Gigantes do Douro, de 1934. O filme foi encomendado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e tinha como intenção documentar a realidade dos trabalhadores envolvidos na produção de vinho, desde o plantio da uva até a venda do néctar nas caves. Devido a atrasos na chegada do equipamento de filmagem, o IVDP acabou desistindo de financiar o documentário que não pôde, justamente pela falta de verba, ser levado a cabo. Contudo, Manoel de Oliveira não desistiu completamente d’Os Gigantes do Douro, que volta a aparecer como remissão em muitas das produções realizadas ao longo de sua carreira. A ideia de retratar a atividade vinícola e o labor humano é resgatada em muitos dos filmes do realizador, com particular atenção dedicada à região do Vale do Douro e dos trabalhadores que ali passam toda a sua vida. Ainda antes da argumentação do projeto d’Os Gigantes, Oliveira já manifestou a preocupação com o retrato social, em seu primeiro documentário Douro, faina fluvial, de 1931, que revela a realidade dos trabalhadores do cais da ribeira do Porto. A temática do trabalho retorna à produção oliveiriana em muitos dos filmes que se seguiram, desde o Acto da Primavera, filme antológico de 1963, até o mais recente O estranho caso de Angélica, de 2010. Destarte, esta comunicação propõe-se analisar as remissões do projeto de 1934 na obra de Manoel de Oliveira, observando, particularmente, a forma como o realizador trabalha com o retrato do árduo labor humano, valendo-se de seu cinema como instrumento de retrato social, tanto na intenção de marcar na história o valor dos trabalhadores do Douro, quanto no intuito de fazer uma denúncia social. Dessa forma, o cinema oliveirano evidencia, em si, a dimensão política e social da obra do longevo realizador, uma vez que o trabalho da vinicultura representa um traço valorizador do povo português e da identidade lusitana. |
|
Bibliografia | BAEQUE, Antoine de, PARSI, Jacques. Conversas com Manoel de Oliveira. Porto: Campo das Letras, 1999. (Campo do Cinema, 3). |