ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Star Trek: Entre a paz perpétua kantiana e a falibilidade humana |
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Autor | Ricardo Tsutomu Matsuzawa |
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Resumo Expandido | O universo de Star Trek possui uma concepção de futuro, onde os seres humanos superaram inúmeras questões presentes como a fome, a negação dos direitos humanos, o sexismo e a xenofobia. Protagonizados por exploradores espaciais que buscam o conhecimento e a evolução de sua própria “humanidade” e sua falibilidade - um resgate ao erfahrung benjaminiano, a experiência autentica. A visão utópica, guiado pela representação política da Federação dos Planeta Unidos, com uma hierarquia naval/militar possui valores que tem proximidade com o pensamento moderno, republicano e Kantiano (centrado em: Sobre a história universal e a Paz perpétua) que reflete sobre a espécie humana em termos de suas possibilidades coletivas para uma auto direção, progresso e ascese. Identificamos também a luta dos valores humanistas como uma vertente canônica das peças audiovisuais de ficção cientificas, tanto no universo Star trek como nas obras construídas sobre uma distopia. Os protagonistas carregam em certa medida estes valores em detrimento aos antagonistas que se impõe em derivações que em muitos casos se baseiam no anti-humanismo filosófico. O gênero permite uma liberdade alegórica, algumas obras se destacam por dialogar com o contemporâneo e os seus problemas, colocando em discussão temas relevantes, mesmos diluídos para audiência. Em Star Trek, os problemas em uma humanidade que evolui para um futuro justo e igualitário, são em sua maioria apresentados através de metáforas e alegorias na alteridade, o outro, depositado em civilizações extraterrestres. As séries para seu desenvolvimento narrativo colocam também os valores humanistas e sua autoridade moral à prova em situações extremadas para uma maior audiência. Em Discovery (a última série da franquia), a humanidade em guerra e com a eminencia do seu fim, deve manter a integridade dos seus valores. Ela apresenta dois antagonistas centrais, uma raça guerreira, os Klingons que a partir dos ideais de um messias, carrega um discurso contra a federação, pela possível aniquilação de sua identidade e sua domesticação civilizatória com a proposta de equilíbrio e paz dos protagonistas. Em sua divisão em castas, necessitam de um “pastor divino” no reino de Cronos para os guiarem para a soberania e supremacia em relações as outras espécies. Entram em guerra com a federação como resposta para salvaguardar sua identidade, apresentados com uma barbárie latente (imaturidade animalesca crônica/ bestialidade) em relação a domesticação civilizatória evolutiva da humanidade e sua autodeterminação condicionada a lei moral. O outro antagonista é caracterizado por um universo paralelo, um espelho composto dos mesmos personagens em outra realidade, onde se prevaleceu um pensamento niilista, - o cuidado de si, que não se preocupa entre a distância entre o eu e todos- a busca humana não como descoberta, mas como conquista e poder; a ascensão de um pensamento do indivíduo e seu egoísmo sem inibição em contradição com a individualidade condicionada ao coletivo e a experiência; o reflexo do triunfo de um pensamento anti-humanista e Nietzschiano da vontade do poder/controle. Os valores da federação em confronto com a falibilidade humana (SAID) de seus personagens que buscam diplomaticamente –insociável sociabilidade- as superações dos conflitos, da guerra e dos antagonistas; se apoiam na defesa dos valores humanistas centradas em uma autoridade moral, que se coloca superior a qualquer desejo ou razão (aqui como os limites do conhecimento dado pela experiência) extrapolando qualquer imaturidade entre a inibição, a bestialidade e o instinto. A comunicação pretende discutir a nova adaptação do universo Star Trek: Discovery, onde a ambiguidade do pensamento moderno/republicano e do erfahrung benjaminiano é reatualizada, questionando a autodeterminação Kantiana, a autoridade moral e a experiência centrada no indivíduo. |
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Bibliografia | BENJAMIN, W. Charles Baudelaire: Um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1995. |