ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | "Sibila" e "O Pacto de Adriana": encontro documental entre mulheres |
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Autor | Laís de Lorenço Teixeira |
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Resumo Expandido | No desenvolvimento de nossa pesquisa de mestrado “Yo Feminino: A primeira pessoa das mulheres no encontro documental latino-americano”, são trabalhados documentários em primeira pessoa latino-americanos, com diretoras e personagens mulheres, explorando o encontro fílmico feminino e seus elementos constitutivos. Dentre o corpus fílmico trabalhado na pesquisa, estão os abordados dentro nesse trabalho. “Sibila”, Direção: Teresa Arredondo, 2012 (94 min.), Chile-Espanha e “O Pacto de Adriana”, Direção: Lissette Orozco, 2017 (96 min.), Chile; são documentários que procuram, de modos distintos, representar mulheres, porém, elas não são desconhecidas das realizadoras, são suas tias. As diretoras, no movimento de retomar e recontar a história dessas mulheres, acabam por inscrever-se nos filmes, a partir dessa primeira pessoa feminina, contando suas relações, decepções e descobertas com tais figuras tão representativas do âmbito doméstico, mas com imenso reflexo no social - por serem as protagonistas figuras públicas. O conflito é construído pouco a pouco, criando espaços de combate entre a imagem da memória das diretoras, e a imagem que a investigação leva-as a montar. Teresa e Lissette inscrevem-se através de seus relatos pessoais, imprimindo suas subjetividades como fio condutor para desenvolvimento da narrativa. Os encontros entre tia-sobrinha, retratada-realizadora se dão de modos distintos, mas se mantém, em ambos, o contraponto entre a imagem construída desde a infância pela ausência cotidiana dessas figuras fortes, ídolas das diretoras, e a imagem que se constrói pela realização do filme. Desse modo, o conflito é a base de tais narrativas, de tais encontros entre familiares, mas sobretudo, sobre mulheres. Entre as expectativas de sobrinhas e a realidade fantasmagórica de tias presentes pela ausência, é nos encontros com as personagens-tias que as realizadoras tentam compreender não somente aspectos pessoais, como de memória histórica e política, formando a construção de um encontro feminino. Seja este através do arquivo, da conversa ou da simples rememoração, é sem dúvida, uma busca, porém, são elas negociadas com as imagens já existentes, de mulher, de tia. Nosso objetivo é compreender de que modo essas narrativas se relacionam e usam de diferentes modos para construir as imagens dessas mulheres, e também representar a relação das diretoras com suas histórias. Investigar de que modo as marcas, afetos e embates, forjam tais narrativas, porém, não somente comparando suas construções, mas criando paralelos para busca de outros tipos de representação de mulheres. Estabelecendo diálogo com teóricos que pensem a questão da construção da subjetividade no documentário (RENOV, 2004) e algumas questões do documentário em primeira pessoa (PIEDRAS, 2014) e relacionar esse elemento a questão da mulher, que nesse caso se apresenta em duas instancias - diretora e da protagonista -, utilizando desses cinema com mulheres (MARTINS, 2015) para construção de narrativas de mulheres, por elas mesmas. Pensar, principalmente, como se articula esse “eu feminino”, suas particularidades e possibilidades de construções específicas. A construção desse encontro é baseada no discurso, nas vozes dessas mulheres (SILVERMAN, 1988), nesse sentido a teoria feminista permite a compreensão dessa construção específica e sua relação com a subjetividade. Ao explorar essas narrativas documentais em primeira pessoa, adentra-se no espaço doméstico alheio, e os modos de construção de cada um desses filmes permite explorar nuances específicos, de escolhas de construção, temática e estética, para (auto)representação de algo tão íntimo, porém com destino público, que possibilita a construção de um espaço compartilhado entre as mulheres em tela. |
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Bibliografia | KUHN, Annette. Cine de mujeres: Feminismo y cine. Madrid: Cátedra, 1991. LEBOW, A. The Cinema of Me:The Self and Subjectivity in First Person Documentary. New York: Wallflower Press, 2012 |