ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | O simbolismo da música do teatro kabuki no cinema de fantasma japonês |
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Autor | Demian Albuquerque Garcia |
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Resumo Expandido | Minha pesquisa em torno da construção do medo através do som me levou à várias hipóteses em relação ao papel do som no cinema de fantasma japonês. Uma entre elas, está vinculada às questões ligadas aos códigos culturais presentes nesse gênero. Podemos afirmar que toda a base do cinema japonês vem do teatro: principalmente o kabuki, mas também o shinpa (que aparece em 1880 e representa uma nova escola), sendo o primeiro a origem da produção de filmes históricos em Kyoto, et o segundo dos filmes contemporâneos em Tokyo. Os japoneses vão inovar no plano sonoro à partir da técnica cinematográfica trazida do ocidente. Da ligação com a arte tradicional, teremos a justaposição da música e, nos diálogos, o estilo particular do teatro popular. “Nesse contexto, vemos aparecer uma mudança no acompanhamento musical: a nova moda consiste em utilizar junto os instrumentos ocidentais e japoneses.” (SATŌ, Tadao. Le cinéma japonais tome I et II. Paris: Centre Georges Pompidou, 1997.) Os kaidan eiga, ou filmes de histórias de fantasmas, tem origem no teatro tradicional japonês, principalmente o nô e o kabuki; assim como de histórias e contos populares – essencialmente reunidos e publicados por Lafcadio Hear, autor irlandês que se instalou no Japão no fim do século XIX. É notável que todos os filmes de fantasmas - tanto os que fazem parte da primeira onda quanto os que reaparecem no fim do século passado - tem uma relação direta ou indireta com a tradição japonesa. (DU MESNILDOT, Stéphane, Fantômes du cinéma japonais: les métamorphoses de Sadako, Collection « Raccords » Pertuis: Rouge profond, 2011) O kabuki é uma grande fonte de inspiração do cinema japonês. No cinema de fantasma, esta inspiração será percebida não somente em termos de representação visual, mas também nos códigos sonoros e musicais. Se nós temos toda uma construção universal do medo através do som no cinema ocidental, como o uso do drône, rangidos e stingers – o que vai ser também utilizada no cinema japonês moderno –, as questões culturais estarão presentes trazendo uma leitura complementar. A música do kabuki é formada por muitos códigos de música e sons (os narimono : 鳴物) – fórmulas e motivos que ajudam a indicar personagens, situações, transições, aparições, etc. Esta linguagem simbólica e codificada, comum em todas as peças do kabuki, é resgatada pelo cinema de fantasma no Japão e adaptada segundo a época e a estética do filme. A identificação desses códigos culturais ligados à música do teatro kabuki e sua utilização nos filmes de forma direta (filmes de Kenji Mizoguchi, Nabuo Nakagawa, Nagisa Ôshima e Akira Kurosawa), e indireta (filmes de Hideo Nakata e Kiyoshi Kurosawa) serão a base desta comunicação. Partindo de várias adaptações cinematográficas de historias fantásticas tradicionais, como “Tôkaidô Yotsuya Kaidan”, de Tsuruya Namboku IV (1825) e “Contos da Lua Vaga”, Ueda Akinari (1776), até chegar nos filmes contemporâneos da J-Horror como Água Negra e Kairo, vamos analisar como se apresentam os códigos musicais e sonoros do teatro kabuki na escritura sonora desses filmes, e como eles participam da construção de emoções e do medo. |
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Bibliografia | BURCH, Noel. Pour un observateur lointain: forme et signification du cinéma japonais. [Paris]: Gallimard, 1982. |