ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | El hombre que nació dos veces: o filme argentino de Oduvaldo Vianna |
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Autor | Arthur Autran Franco de Sá Neto |
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Resumo Expandido | A proposta da comunicação é relativa à pesquisa que desenvolvo atualmente, a qual tem como objeto os intercâmbios no campo do cinema entre Argentina e Brasil no período de predomínio do Studio system, ou seja, entre 1930 e 1955. Dentre os vários tipos de trocas cinematográficas entre os dois países, destaca-se a circulação de profissionais, desta forma, argentinos tais como o diretor de fotografia Mário Pagés ou o operador de câmera Juan Carlos Landini trabalharam em filmes brasileiros, outrossim, atrizes como Marlene ou Fada Santoro participaram de produções argentinas. Especificamente em relação a esta comunicação, o objeto da pesquisa é o filme de longa-metragem El hombre que nació dos veces (1938), dirigido por Oduvaldo Vianna na Argentina para a produtora PAF. No período, o cinema argentino começava a despontar como a principal cinematografia da América Latina, atingindo patamares significativos em termos da quantidade de produções e de participação no mercado do subcontinente. Oduvaldo Vianna então já era autor de peças teatrais consagradas, tais como Feitiço e Amor, ademais, ele dirigira Bonequinha de seda (1936), película da Cinédia estrelada por Gilda de Abreu e que foi um dos grandes sucessos de público e de crítica da história do cinema brasileiro. É interessante notar que até poucos anos atrás eram poucos os brasileiros que haviam dirigido longas-metragens no exterior, destacando-se os nomes de Alberto Cavalcanti e Glauber Rocha. Mais recentemente alguns realizadores como Fernando Meirelles ou José Padilha têm desenvolvido parte de suas carreiras dirigindo filmes produzidos em outros países. O objetivo da comunicação é reconstituir a produção, a exibição e a repercussão crítica de El hombre que nació dos veces na Argentina, bem como buscar deslindar os traços artísticos principais da obra – uma vez que não existem mais cópias em circulação desta película. Ademais, também interessa levantar a exibição e a recepção crítica no Brasil, onde o filme foi lançado em 1940. A fita estreou em Buenos Aires a 28 de setembro de 1938. Ela tinha o elenco composto por César Ratti, Emma Martínez, Sebastián Chiola, Héctor Calcaño e Anita Lang. O filme baseia-se na peça teatral O homem que nasceu duas vezes, de autoria do próprio Oduvaldo Vianna. Trata-se de uma comédia cujo eixo gira em torno da falsa morte de um médico que, cansado das exigências e confusões de sua família, se aproveita de um ataque de catalepsia. Dado como morto, o médico viaja por diversos países e volta para sua casa se fazendo passar pelo irmão. Como a “viúva” e as filhas haviam modificado os seus comportamentos, ele anuncia sua verdadeira identidade e retoma a vida conjugal. Segundo Deocélia Vianna, Oduvaldo Vianna viajou para Buenos Aires especificamente para dirigir o filme, pois o contrato com a PAF “financeiramente era muito bom” (1984, p. 60). O convite para trabalhar no cinema argentino decorreu do sucesso de peças de Oduvaldo Vianna nos palcos portenhos, com destaque para Amor. Ele teria voltado de Buenos Aires antes mesmo de a película estrear, mas premido pelas dificuldades financeiras no Brasil e pela esperança de ter mais oportunidades na Argentina, retornou para este país na companhia da esposa, Deocélia Vianna, e do filho pequeno, Oduvaldo Vianna Filho. Lá se fixou por algum tempo trabalhando no cinema, no teatro e no rádio, mas não dirigiu filmes, o que só ocorreu depois de voltar ao Brasil, onde realizou ainda Chuva de estrelas (1948) e Quase no céu (1949). A fim de reconstituir El hombre que nació dos veces dispomos de fotos de cena, de matérias jornalísticas sobre a produção e o lançamento da película, críticas, resumos da trama publicados em revistas cinematográficas, para além de depoimentos retrospectivos de Oduvaldo Vianna e Deocélia Vianna. Desta forma será possível dar uma noção do filme, dirigido por um brasileiro no contexto da “época de ouro” do cinema argentino – tal como denominada pelo historiador Domingo di Núbila. |
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Bibliografia | AUTRAN, Arthur. Sonhos industriais: o cinema dos estúdios na Argentina e no Brasil nos anos 1930. Contracampo, Niterói, n. 25, dez. 2012. P 117-132. |