ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Corpo, natureza e afeto em Tônus (2012) e O peixe (2016) |
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Autor | Mariana Arruda Carneiro da Cunha |
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Resumo Expandido | Este trabalho faz parte da minha atual pesquisa de pós-doutorado que visa examinar uma nova dimensão da espacialidade da imagem em movimento em um conjunto de obras audiovisuais produzidas a partir do ano 2000, nas quais percebe-se um forte engajamento com a natureza, o não-humano e o meio ambiente. Atendendo à recente expansão das abordagens ecocríticas no cinema e nas artes visuais, a pesquisa está ancorada em um pensamento ecológico e uma noção de natureza como uma “abertura para uma miríade de preocupações que tem a ver com o cotidiano, a história, o político e o formal” (Pick; Narraway, 2013, p. 4-5). Numa perspectiva ecológica, percebe-se a passagem de um interesse estético e olhar distanciado para uma construção mais corpórea, afetiva, material e imanente dos espaços naturais e do não-humano. Nesse sentido, esta comunicação se propõe a discutir como uma perspectiva ecológica é posta em cena a partir de duas obras audiovisuais: Tônus 1 de Rodrigo Braga (2012, vídeo HD, 8 min) e O peixe de Jonathas de Andrade (2016, 16mm digitalizado em 2k, 37 min). De formas distintas, os dois filmes apresentam imagens da relação entre corpos humanos e animais através de um jogo de forças entre eles. Enquanto Tônus 1 encena um confronto entre uma mão humana e um caranguejo, O peixe retrata a batalha travada entre peixes e pescadores, quando estes últimos os capturam e acariciam até que morram asfixiados. Nas duas obras, o embate atribui um sentido de tatilidade às imagens, e compele o observador a sentir e pensar a natureza como uma experiência corpórea e afetiva. Nesse sentido, como afirma Rutherford, abre-se um espaço para uma compreensão materialista da ética e da estética (Rutherford, 2004, p. 3). Consequentemente, a natureza nos dois filmes é menos um lugar de contemplação ou uma paisagem – que pressupõe um observador neutro e distanciado – do que um agente senciente e vivo. Com base nos conceitos de visualidada hápitca (Laura Mark), corporeidade (Anne Rutherford, Vivian Sobchack) e afeto (Gilles Deleuze, Brian Massumi), e fundamentada numa abordagem ecológica, como proposta por Anat Pick e Guinevere Narraway, argumenta-se que ao atribuir agência ao não-humano, os filmes analisados desafiam ideias tradicionais de representação das subjetividades. Busca-se, portanto, pensar que funções a relação entre os corpos, a natureza e o afeto desempenha e que efeitos são produzidos a partir de uma aproximação com o não-humano, ou, para além do campo representacional, a partir de uma conexão direta entre a materialidade da imagem e a materialidade do mundo. Em outras palavras, não se trata apenas de questionar como a natureza é representada, mas, fundamentalmente, como as imagens em movimento desafiam nossas ideias e noções filosóficas a respeito da natureza e do meio ambiente, e criam novas formas de imaginar a relação entre o humano e o não-humano. |
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Bibliografia | Barker, Jennifer. The Tactile Eye: Touch and the Cinematic Experience. Berkeley: University |