ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Nas fronteiras do Western contemporâneo: De McCarthy aos irmãos Coen |
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Autor | Luiz Felipe Rocha Baute |
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Resumo Expandido | Por meio de uma convergência entre cinema, literatura e outras formas culturais, o Western consolidou-se — sempre associado à cultura estadunidense — como um dos gêneros mais flexíveis e preponderantes do século XX. Com uma estrutura formulaica na qual podem ser exploradas uma miríade de conflitos, contradições e ambiguidades do “Americanismo” (SCHATZ, 1981, p. 31), o “mito Western” desenvolveu-se não apenas como um meio para a discussão de identidade social e política, mas também como forma de entretenimento impulsionada pela expansão do cinema comercial hollywoodiano. As trocas entre literatura e cinema Western têm uma longa tradição, com adaptações que ora se aproximam e ora se distanciam de suas fontes originais. Tencionamos investigar tais relações em duas obras: o livro Onde os Velhos Não Têm Vez (2005), de Cormac McCarthy e o filme Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), de Joel Coen e Ethan Coen. O que de início pode ser visto como uma adaptação fiel à obra literária — como boa parte da crítica o recepcionou —, o filme dos irmãos Coen pode ser analisado sob outro prisma, um que destaca sua autonomia em relação ao texto que é derivado. Considerando Onde os Velhos Não Têm Vez como obra associada à narrativas Western de Cormac McCarthy, das quais podemos destacar a “Trilogia da Fronteira” (Todos os Belos Cavalos, de 1992; A Travessia, de 1994 e Cidade das Planícies, de 1998), e a recente incursão dos Coen ao Western (Bravura Indômita, de 2009, e o ainda em produção A Balada de Buster Scruggs), buscamos conjecturar uma relação entre a integração de convenções genéricas e suas possíveis subversões. A partir da confluência de gêneros atribuída por diversos críticos, que destacam a interdependência de convenções das narrativas de crime, do Thriller e, prioritariamente, do Western nos enredos, acreditamos que ambas as obras são tanto sintomáticas das influências dos gêneros como formas culturais quanto paradigmáticas do estado contemporâneo do Western enquanto gênero formal. Por nossa vez, consideramos as obras selecionadas não apenas como centrais ao Western como um todo, cada qual contribuindo de formas distintas ao seu meio, mas consideramos a adaptação ao cinema de 2007 a que subverte de forma mais contundente a história do gênero. Acreditamos que o filme conscientemente se posiciona em favor de uma narrativa mais ambígua. Julgamos que o exercício comparativo entre livro e filme é o ponto inicial para investigar o hibridismo de gêneros do último, tanto em sua forma quanto em suas relações com a teoria e a história do cinema. Desta forma, almejamos ampliar o ponto de vista trágico da obra literária à obra cinematográfica, para um comentário além da simples transposição da literatura para o cinema. Objetivamos, também, relacionar o filme à história do gênero no cinema e nos aproximarmos dos desdobramentos culturais, sociais e políticos do Western que são comumente associadas à história dos Estados Unidos da América. Para tal, faremos uso de uma abordagem comparativa, buscando expor suas similaridades e diferenças. Nossa prática analítica intenciona confrontar as premissas genéricas em relação as posições evidenciadas ao longo das narrativas, com ênfase na adaptação cinematográfica. Ademais, discutiremos a subversão, o reemprego e a transformação dos signos que ordenam ambas as tramas, bem como seus desdobramentos no cinema e para além dele. |
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Bibliografia | KING, Lynnea; WALLACH, Rick; WELSH, Jim orgs. No Country For Old Men: From Novel to Film. Lanham: Scarecrow Press, 2009. |