ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | A experiência do movimento Mulheres no Audiovisual PE |
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Autor | Cristina Teixeira Vieira de Melo |
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Resumo Expandido | O movimento Mulheres no Audiovisual de Pernambuco (MAPE) foi criado em junho de 2016, ano marcado por consideráveis embates e retrocessos políticos e sociais no país, entre eles o golpe contra o governo da primeira mulher eleita presidente no Brasil. A carta manifesto de criação do grupo ressalta a importância das mulheres que trabalham no campo do audiovisual se juntarem à luta das demais mulheres pela igualdade de direitos e contra o machismo. Nessa linha de militância feminista, o MAPE busca atuar em várias frentes: a defesa de políticas institucionais afirmativas que possibilitem uma maior representatividade das mulheres na esfera do audiovisual; a divulgação de filmes nos quais a mulher exerça um protagonismo forte; a denúncia de comportamentos machistas, fascistas, preconceituosos que envolvam violência física ou simbólica contra mulheres, em particular no âmbito das práticas audiovisuais; o funcionamento de cineclubes; a oferta de oficinas e cursos voltados para a profissionalização do setor, bem como para a formação de um olhar crítico sobre as imagens e discursos sobre a mulher que circulam cotidianamente nas esferas pública e privada. Desde a sua criação o MAPE mantém uma página no Facebook onde divulga seus filmes (cerca de cinco até o momento, produzidos de forma coletiva) e as ações cineclubistas, de formação em audiovisual e ativismo político que promove. Hoje, a página possui mais de 5000 seguidoras. Trata-se de uma iniciativa ímpar de mobilização e reflexão que consegue reunir profissionais de mercado, estudantes, mulheres que exercem a crítica cinematográfica e amantes da linguagem audiovisual. Todas engajadas numa luta que, embora já tenha uma longa história, parece emergir no contemporâneo com um sentido renovado de urgência. Um dos objetivos desse trabalho é justamente cartografar as condições de possibilidade de eclosão do MAPE no momento histórico e nos moldes em que ocorreu. Além de buscar a genealogia do movimento, interessa-nos analisar sua dinâmica de funcionamento, levantar o perfil de suas integrantes e verificar de que forma o coletivo se insere numa rede maior de militância feminista na esfera do audiovisual. No bojo dessas discussões estão questões relativas ao ativismo político, à militância feminista, às mobilizações em rede e às produções coletivas de filmes. Para realizar tal empreitada, investimos em ações diversas: o resgate dos acontecimentos históricos em nível internacional, nacional e local que fomentaram o surgimento do MAPE, o levantamento dos tipos de postagens realizados no perfil do grupo na internet (ações de formação, divulgação de filmes, denúncias, etc.), a análise das produções audiovisuais realizadas até a presente data e entrevistas com algumas de suas integrantes. Do ponto vista teórico, além de uma literatura sobre cinema militante, feminismo e audiovisual, mobilizamos a noção de dispositivo bem como os estudos de Foucault sobre ética e estética da existência a fim de pensar o MAPE como uma comunidade de mulheres que a partir de seus laços de amizade, valores e sentimentos opera um contradispositivo que faz ver e faz falar um sujeito feminista que reivindica para si outras formas de olhar e ser olhado. |
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Bibliografia | AGAMBEN, Giorgio. O que é um dispositivo? In: Outra Travessia. Florianópolis. Editora da UFSC, 2005. p. 9-15. |