ISBN: 978-85-63552-26-6
Título | Teoria, autor e cineasta: observações sobre uma abordagem do cinema |
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Autor | Eduardo Tulio Baggio |
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Resumo Expandido | Teoria é uma conceito que compreende um conjunto de concepções, sejam princípios e/ou formulações, que dão conta dos fundamentos de um tipo de observação e/ou especulação sobre o mundo ou sobre aspectos deste. Assim, uma teoria envolve várias concepções que precisam ser compreendidas de forma sistêmica para que seja possível saber qual o papel de cada concepção dentro da teoria e como elas tomam sentido nesta teoria (PEIRCE, 1891:162). Com a mesma a perspectiva, David Bordwell afirma que uma teoria do cinema consiste em um sistema de proposições para explicar a natureza (princípios) e funções do cinema (BORDWELL, 1991:4). Ainda, é possível pensar em teoria – circunscrito às proposições no campo do cinema – em um sentido que não seja necessariamente axiomático, como aponta Francesco Casetti: “caracterizaremos uma teoria (do cinema) como um conjunto de pressupostos, mais ou menos organizado, mais ou menos explícito, mais ou menos vinculante, que serve de referência a um grupo de estudiosos para compreender e explicar em que consiste o fenômeno em questão.” (CASETTI, 2005:11) Desta forma, temos que ter em conta qual o fenômeno em questão para a Teoria dos Cineastas. Não trata-se de imaginar que cada cineasta poderá ou deverá ter sua própria teoria, ainda que algumas exceções possam existir nesse sentido (PENAFRIA et al., 2017). Trata-se de observar aquilo que o meio dos cineastas produz em seus processos de criação, portanto, observar aspectos que, sem excluir os filmes, ao contrário, vão além destes. Desta forma, é uma proposta diversa daquela da Screen Theory (STAM, 2003), mesmo que não afaste todos os seus mecanismos analíticos, busca uma ampliação das bases de análise. Tal ampliação traz o foco também para o que está além dos filmes, para o que é parafílmico, em analogia ao termo paratexto. Mas não são todos os paratextos que interessam para a Teoria dos Cineastas, apenas aqueles que trazem a especificidade de serem próprios dos processos de criação no cinema. Ou seja, são as proposições ou pressupostos que têm como fonte manifestações variadas dos cineastas e que serão tomadas em uma perspectiva sistêmica – considerando as correlações possíveis – para servir de referência a um grupo de estudiosos em uma abordagem própria da arte cinematográfica que chamamos de Teoria dos Cineastas. É preciso também estabelecer os limites entre tal proposição de abordagem e o conceito, bastante debatido, de Teoria do Autor no cinema. Para esta comunicação serão observadas as ideias de autoria propostas por Andrew Sarris a partir da política dos autores de François Truffaut e André Bazin, surgida, de fato, das reflexões de Alexandre Astruc com sua câmera-caneta. O conceito de autor pode também ser visto como uma função autor, como propôs Michel Foucault, de qualquer forma, trata-se de um conceito distinto do de cineasta da maneira como tem sido estudado na perspectiva da Teoria dos Cineastas (CUNHA, 2017) Por fim, a comunicação encerra com apontamentos para possibilidades de estudos e pesquisas a partir da abordagem da Teoria dos Cineastas. No sentido proposto por Peirce, como podem ser sistematizadas concepções oriundas dos cineastas? Qual sua potencialidade para explicar a natureza e as funções do cinema, como colocado por Bordwell? E qual o valor de tal abordagem para compreender ou explicar um fenômeno cinematográfico em particular, seguindo o que disse Casetti? Ainda, algumas limitações serão apontadas com o intuito de vislumbrar problemas que podem ou não vir a ser superados pela comunidade de estudiosos que se voltam para essa abordagem teórica. |
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Bibliografia | BAZIN, André. La Politique des Auteurs. Paris: Cahiers du Cinéma, nº 70, April 1957. |